22 dezembro 2007

Previsões para 2008

Chegou novamente o momento de fazer as previsões para o futebol brasileiro. O ano de 2008 está prestes a começar e quem serão os campeões? Quem serão os derrotados? Confesso que este ano a previsão me parece bem mais fácil do que no ano passado, mas geralmente quanto temos essa sensação de que tudo será fácil, aí mesmo é que erramos redondamente!

No futebol carioca, Flamengo e Fluminense despontam como os favoritos para brigarem pelo título. Ambos conquistaram um título em 2007 e mantiveram a base vencedora. Além disso souberam reforçar-se nos seus pontos fracos. Flamengo trouxe jogadores para o meio-campo. Gavillán e Kleberson são excelentes jogadores e vão tornar o meio-campo rubro negro um dos melhores do país. O Fluminense preferiu reforçar o seu ataque, o ponto fraco em 2007. Trouxe Washington e Dodô, por enquanto. Outros jogadores ainda estão na pauta de negociação, mas ainda não foram apresentados. Falcao Garcia, Dario Conca, Fabinho (ex-Toulouse), Felipe e Léo, além de Leandro Amaral estão sendo cotados para fazer parte da Máquina. Vamos aguardar para ver quantos desses nomes se concretizarão. A verdade é que o Fluminense tem uma boa base mas ainda precisa de um goleiro e um lateral esquerdo, além de opções para o meio-campo.

A disputa do campeonato carioca deverá ficar entre a dupla Fla-Flu. O Botafogo desmontou o grande time de 2007, por causa das declarações impensadas do diretor Carlos Augusto Montenegro, e do péssimo clima causado pelo doping de cafeína que era dado aos jogadores. O clima azedou e os craques debandaram. Dodô foi para o Fluminense, Zé Roberto para o exterior, e o bom zagueiro Juninho se mandou para o São Paulo, ao lado de Alex. O Vasco da Gama também está aos pedaços, com Eurico Miranda agarrado ao osso, que não larga de jeito maneira, e através de artimanhas jurídicas e subornos, mantém o cargo de presidente, que deveria ter sido passado a Roberto Dinamite. O caos político se reflete no time, que nunca esteve tão fraco, sem patrocinador e vivendo apenas do brilho fosco da estrela cadente de Romário, suspenso por 120 dias por doping.

Flamengo e Fluminense, portanto, deverão fazer a final do campeonato carioca, se não o abandonarem para jogar com tudo a Libertadores. Não acredito na vitória de nenhum dos dois na copa continental. Há times mais fortes, e com mais tradição, como o São Paulo e o Boca, que perdeu o Mundial para o Milan e deve vir mordido, com Riquelme, para conquistar a Taça e tentar o empate em títulos mundiais com o time italiano, em dezembro.

São Paulo fez uma aposta arriscada. Adriano é uma incógnita. Pode se recuperar e voltar a ser o jogador que encantou o mundo na Copa América e na Copa das Confederações. Mas pode também ser um gol contra. De qualquer maneira, Adriano volta para a Europa no meio do ano e o São Paulo vai ter que procurar outro craque para ser candidato ao título brasileiro. No campeonato paulista eu aposto no Palmeiras, que com Luxemburgo no comando, volta a ter chances reais de ser campeão. Lembrando que nos últimos 30 anos o Palmeiras só foi campeão com dois técnicos: Luxemburgo e Felipão.

Na Copa do Brasil, a disputa deverá ficar entre dois gaúchos: Internacional e Grêmio. Não acredito no Vasco, Botafogo ou Atlético Mineiro. Corinthians deverá montar um time apenas suficiente para voltar à primeira divisão. O único título que deverá conquistar em 2008 será o da segundona.

No Campeonato Brasileiro, qualquer previsão é loucura, neste momento. Os times são muito equilibrados e até o início do campeonato muita coisa pode mudar. Os favoritos são os times de sempre: São Paulo, Luxemburgo, Inter, Fluminense, Cruzeiro. Qualquer um pode vencer.
Resumindo, aí vão os meus palpites:
Carioca: Flamengo ou Fluminense
Paulista: Palmeiras
Gaúcho: Inter
Libertadores: Boca ou São Paulo
Copa do Brasil: Inter ou Grêmio
Brasileiro: São Paulo, Palmeiras, Inter ou Fluminense

04 novembro 2007

A evolução de Renato Gaúcho

O campeonato brasileiro de 2007 tem se pautado pelo equilíbrio entre os clubes. Não é à toa que o São Paulo, que sagrou-se bicampeão na última quarta-feira, após vencer o América de Natal por 3 a 0, no Morumbi, vem sendo criticado por não apresentar um time com “cara de campeão”. É um exagero da crítica. O time do São Paulo está longe de poder se considerado um timinho, assim como os timinhos campeões do Fluminense, em 1951 e 1980, apenas para citar dois deles, também não o eram. A verdade é que em um campeonato tão equilibrado, por pontos corridos, a regularidade, a organização e a estrutura fazem diferença. A mesma diferença que fez com que o tricolor nunca ficasse muitos anos sem vencer um campeonato agora trabalha a favor do tricolor paulista.

O Fluminense, que venceu ontem o Náutico, por 2 a 1, no Maracanã, poderia ter feito uma campanha melhor, não fosse o número excessivo de empates ao longo das rodadas. A três rodadas do final do campeonato, o Fluminense é o recordista de empates – treze ao todo. No ano passado, dirigindo o Vasco, Renato Gaúcho já havia feito desempenho semelhante. Bem, se Renato pretende um dia tornar-se um técnico de ponta do futebol brasileiro, há que rever seus conceitos. O empate não leva a lugar nenhum em um campeonato de pontos corridos.

Mas Renato Gaúcho tem mesmo evoluído ao longo da temporada. De grande motivador, recuperando a auto-estima tricolor e arrancando para a conquista da Copa do Brasil, encarou o campeonato brasileiro já classificado para a Libertadores. Uma tarefa difícil, manter a motivação da equipe em um campeonato em que luta por apenas dois objetivos: não ser rebaixado, ou ser campeão. Renato não só manteve a equipe motivada, deixando-a a três rodadas para o final do campeonato em uma posição que deixaria o time na briga pela vaga na Libertadores, se fosse esse o caso, como também mostrou alguma sabedoria na hora de mudar o esquema tático da equipe. Isso me surpreendeu, embora tenha demorado um pouco para promover as mudanças e essa demora pode ter custado o título.

Começou o campeonato insistindo no 3-5-2 que não apresentava resultados positivos em campo. Quando as circunstâncias o forçavam a voltar para o 4-4-2, a equipe vencia, mas Renato demorou para perceber isso. Insistia em manter o time jogando no 3-5-2. E tome derrota e empate... Quando finalmente percebeu, sacou do time o zagueiro errado, Roger, que nunca poderia ter deixado de ser titular. Mesmo assim, com Luiz Alberto, o time engrenou e viveu seu melhor momento no campeonato com o entendimento entre Thiago Neves, Somália e Alex Dias. Mas não durou muito tempo, Somália rompeu os ligamentos do joelho, Thiago Neves foi afastado pela comissão técnica para forçar a renovação do contrato e Alex Dias simplesmente apagou.

Após a renovação de contrato de Thiago Neves, uma boa vitória no Fla-Flu, mas o time voltou a jogar mal. E aí está a evolução de Renato, que teve a percepção da necessidade da mudança de esquema novamente. Barrou Alex Dias, implantou um 3-6-1 em Florianópolis e acabou voltando ao 3-5-2 que inicialmente tentara implantar. Roger voltou ao time em grande fase e criou as condições para o futebol de Gabriel começar a aparecer. Contratado no meio do campeonato como o primeiro reforço para 2008, Gabriel vinha tendo atuações bem abaixo do que a torcida estava acostumada e ver, em 2005. Perdeu até pênalti, coisa que nunca havia acontecido antes. É que Gabriel é verdadeiramente um ala, e só pode render o seu potencial no 3-5-2.

Ontem, no Maracanã, Gabriel marcou os dois gols da vitória tricolor sobre o Náutico. Ambos após receber passes de Arouca, com quem jogou junto em 2005. A equipe voltou a ter boa atuação e compromisso com a vitória, que é o que a torcida quer ver sempre. O jogo teria terminado em 2 a 0, não fosse o péssimo árbitro Sérgio da Silva Carvalho ter inventado um pênalti a favor do Náutico no final do jogo. Um pênalti absurdo e covarde, que árbitro nenhum teria coragem de marcar, por exemplo, contra o São Paulo, campeão brasileiro. A imprensa toda cairia de pau. Como foi marcado em um jogo inexpressivo, sem grandes apelos, caiu no esquecimento e o roubo nem sequer chegou a ser noticiado pela imprensa.



Maurício, o volante tricolor

FLUMINENSE 2 X 1 NÁUTICO
Estádio: Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Data/hora: 3/11/2007 - 18h10 (de Brasília)


Árbitro: Sérgio da Silva Carvalho (DF)
Auxiliares: Rogério Rolim (PR) e Katiúscia Mayer de Mendonça (ES)


Renda/público: R$ 146.185,00 / 13.997 pagantes / 17.814 presentes


Cartões amarelos: Thiago Silva, Roger, Junior Cesar (FLU); Onildo, Marcelo Silva, Sidny, Marcelinho, Radamés (NAU)


GOLS: Gabriel, 43'/1ºT (1-0); Gabriel, 37'/2ºT (2-0); Acosta, 40'/2ºT (2-1).


FLUMINENSE: Fernando Henrique, Thiago Silva, Luiz Alberto e Roger; Gabriel, Maurício, Arouca, Thiago Neves (Cícero, 28'/2ºT) e Junior Cesar; Adriano Magrão (Tartá, 40'/2ºT) e Soares (Léo, 19'/2ºT). Técnico: Renato Gaúcho.


NÁUTICO: Fabiano, Toninho, Everaldo e Onildo; Sidny (Dejair, 29'/2ºT), Radamés, Marcelo Silva (Hélton, 42'/2ºT), Geraldo e Júlio César (Serginho Baiano, 23'/2ºT); Marcelinho e Acosta. Técnico: Roberto Fernandes.

21 outubro 2007

Rodadas na liderança no Brasileirão de pontos corridos


Clube20032004200520062007Total
São Paulo
2
28
16
46
Cruzeiro
41
4
45
Santos
1
20
6
3
30
Corinthians
20
20
Botafogo
3
12
15
Atlético-PR
10
2
12
Ponte Preta
1
8
9
Internacional
2
3
5
Palmeiras
5
5
Criciúma
4
4
Fluminense
2
2
4
Figueirense
3
3
Paraná
1
1
2
Atlético-MG
1
1
Goiás
1
1
Grêmio
1
1
Vasco
1
1

O cientista maluco

Alex Dias
A comissão técnica do Fluminense, que já está previamente classificado para disputar a Libertadores da América em 2008, tem repetido que está utilizando as partidas do campeonato brasileiro como uma espécie de laboratório para testar os jogadores para o ano que vem. Pelo que se viu ontem, no Serra Dourada, a experiência não deu certo e o laboratório explodiu.

A derrota por 5 a 3 para o Goiás, um time medíocre que está lutando contra o rebaixamento e vem tendo dificuldade para vencer e jogar bem em casa, por si só já seria um vexame. Da forma como aconteceu, é pior do que um vexame, é uma ofensa aos tricolores que foram ao estádio, e aos milhões que acompanharam o jogo pelo rádio ou pela TV.

Renato Gaúcho, o grande culpado pela palhaçada que vimos em Goiânia, deu uma entrevista na saída para o intervalo, reclamando do time e dizendo que "parece que o time está com pena do Goiás", referindo-se à posição que o adversário ocupa na tabela. Tal declaração mostra total despreparo do treinador, pois reflete sua ignorância com relação a este confronto. O Fluminense não estava com pena do Goiás. Não se trata de pena, pois jogaríamos da mesma maneira, sonolentos e desligados, se o Goiás fosse o líder do campeonato e estivesse destroçando seus adversários. A diferença é que nessa situação a goleada tomaria proporções muito mais humilhantes que a de ontem.

Desde 1978 jogamos mal no Serra Dourada. Sofremos a cada jogo. Em 17 jogos foram apenas 3 vitórias. Duas com o time que foi campeão brasileiro em 84 e outra em 2005, com o timaço montado pelo Abel. Fora isso, só vexame, vergonha e goleadas (uma por 6 a 1 e outra por 4 a 0). E o cientista maluco não pode dizer que não sabia disso, pois ele era o técnico em 2003 quando perdemos por 6 a 1.

A casa caiu. O laboratório explodiu e o professor Pardal vai ter que recomeçar suas experiências nesse laboratório sem pé nem cabeça, em que os elementos atendem pelo nome de Júnior César, Cícero e Tiuí... Pode dar certo qualquer experiência misturando esses elementos?

Do jeito que as coisas andam, nossa participação na Libertadores será tão breve quanto foi em 71 e 85. Não passaremos da primeira fase.

30 junho 2007

A bênção, João de Deus

João de Deus

A bênção, João de Deus
Nosso povo te abraça
Tu vens em missão de paz
Sê benvindo
E abençoa este povo que te ama!

27 junho 2007

Uma vitória irritante

Na década de 80, um árbitro que eu gostava de ver apitar era o Arnaldo Cézar Coelho. Geralmente era escalado para apitar as decisões, e em algumas oportunidades chegava mesmo a brilhar mais que os jogadores. Era um fora-de-série, o maior juiz que já vi apitar, maior mesmo que esse italino Colina, de que tanto falaram. Outro árbitro da mesma época que também era muito escolhido para os jogos decisivos era o José Roberto Wright, que tinha potencial, é verdade, eu mesmo vi algumas boas partidas apitadas por ele, mas era uma bomba atômica fecal, prestes a explodir a qualquer momento, jogando merda para todos os lados.

Eu mesmo me lembro de três grandes cagadas do Wright: a final do carioca de 1985, entre Fluminense e Bangu, quando ele deixou de marcar um pênalti de Vica em Cláudio Adão no último minuto; o jogo em que o Flamengo eliminou o Atlético Mineiro da Libertadores de 1981, e Wright expulsou quatro ou cinco jogadores do Galo no primeiro tempo, inexplicavelmente; e o Flamengo e Vasco em que ele entrou em campo com um microfone para gravar as ofensas que dirigia aos jogadores do Vasco.

O cara tinha potencial, mas seu ego era tão grande que volta e meia metia os pés pelas mãos e por isso nunca chegou aos pés do Arnaldo. O próprio lance da final de 1985 mostra isso. Aos 45 minutos do segundo tempo, Marinho rouba uma bola na lateral direita da defesa bangüense e faz um lançamento de 50 ou 60 metros para Cláudio Adão, que estava no meio de campo , marcado por Vica. Os dois correm atrás da bola e Cláudio Adão chega na frente. Na entrada da área tricolor, Vica o derruba. Wright estava na lateral direita, acompanhando de perto o ataque tricolor e foi traído pelo lançamento de Marinho. Quando o pênalti aconteceu, estava correndo em direção ao lance, mas ainda não havia chegado ao meio-campo. Não viu, não pôde ver o lance. Não teve certeza, não teve confiança para marcar o pênalti e não o marcou. Esse não foi o seu grande erro, mas sim o que aconteceu a partir daí. Cercado pelos jogadores alvi-rubros, mandou o jogo seguir. Paulo Victor lança a bola para o ataque, e cai nos pés de Romerito. Os jogadores do Bangu perseguem Wright que continua a correr com os braços abertos indicando que o jogo estava em andamento. O goleiro do Bangu abandona o gol e junta-se aos companheiros na sua reclamação. Romerito, sem marcação, toca para o gol vazio, no que seria o terceiro gol tricolor. Wright aponta para o meio campo, valindando o gol. Era o que faltava! Os jogadores do Bangu começam a agredir Wright que pede socorro à polícia. Apanhou um pouco antes de sair de campo. Depois, nas entrevistas explicando o lance, preferiu mentir: disse que havia encerrado o jogo quando houve o lançamento de Marinho. As emissoras de TV recuperaram imagens filmadas por trás dos gols desmentindo essa explicação covarde. Enfim, uma lambança sem tamanho que poderia ter sido amenizada se admitisse o erro.

Por tudo o que fez na sua carreira como árbitro, Wright não poderia ser mesmo um bom comentarista de arbitragem. Quando assisto um jogo do Fluminense pela Rede Globo e Wright é o comentarista de arbitragem, invariavelmente me irrito com seus comentários. Pois bem, toda essa introdução foi para comentar sobre a vitória do Flu contra o América de Natal, uma das partidas que mais me irritou nos últimos tempos.

Para começar Wright iniciou elogiando o árbitro do jogo, o mineiro Cléver Assunção Gonçalves, um dos piores árbitros da nossa primeira divisão. Aquele mesmo que conseguiu roubar mais que o Edilson Pereira de Carvalho ao apitar a segunda edição do jogo Juventude x Fluminense, anulado em 2005. Disse que Cléver Gonçalves era um árbitro muito bom, que "evoluiu muito no ano passado e que vinha fazendo um excelente campeonato". Estás brincando, não é, Wright?

Durante a partida tivemos a oportunidade de ver o árbitro desfilar seu repertório de erros, roubos e omissões, culminando com a anulação de um ataque do Flu, no primeiro tempo, para marcar uma falta a favor do Flu, ignorando uma vantagem com chance clara de gol. Detalhe: a torcida do América de Natal exibia uma faixa com os dizeres: "Sr. Juiz, por favor, roube com moderação!". Pelo visto não somos só nós que sofremos com esses pilantras...

Quanto ao jogo, o Flu venceu, é verdade. Mas venceu jogando mal, muito mal, o que é sinal de que derrotas vêm por aí. Alex Dias colaborou muito para aumentar a minha irritação ao driblar o goleiro e perder um dos gols mais feitos que já vi na minha vida. Digno de entrar na coletânea de gols perdidos do Youtube. Carlos Alberto continuou a praticar aquele esporte que ele - e somente ele - acha que é futebol. Não é. Parece futebol, ou melhor, lembra vagamente, mas não é. Pois futebol é um esporte coletivo e o que Carlos Alberto pratica, não. Enfim, apesar de Carlos Alberto e Alex Dias, contando com a ajuda do fraquíssimo time do América de Natal, o Fluminense conseguiu a sua primeira vitória fora de casa e trouxe para o Rio mais três pontos que o deixaram em quinto lugar no campeonato brasileiro.

E eu, após o jogo, lamentei ter perdido o meu tempo vendo esta pelada, me irritando com Alex Dias, Carlos Alberto, Cléver Gonçalves e o hors-concurs José Rouberto Wright.

Magrão

FICHA TÉCNICA - SÚMULA:

AMÉRICA-RN 0 X 1 FLUMINENSE

Estádio: Machadão, Natal (RN)
Data/hora: 24/06/2007 - 16h (horário de Brasília)

Renda: R$ 155.545,00
Público: 10.061 pagantes

Árbitro: Cléver Assunção Gonçalves (MG)
Auxiliares: Marco Antônio Gomes (MG) e Guilherme Dias Camilo (MG)

Cartões amarelos: Leandro Sena, Marquinho (AME); Carlinhos (FLU)
Cartões vermelhos: Odirley, 33'/2ºT (AME)

GOLS: Adriano Magrão, 1'/1ºT (0-1)

AMÉRICA-RN: Renê, Márcio Santos, Odirley e Marcos Alexandre (Marquinhos, intervalo); Adriano Peixe, Rafael Muçamba (Arlon, intervalo), Célio, Paulo Isidoro (Frontini, 31'/2ºT), Leandro Sena e Marcinho; Luciano Dias. Técnico: Lori Sandri.

FLUMINENSE: Fernando Henrique, Carlinhos, Thiago Silva, Roger e Junior Cesar; Romeu, Arouca, Cícero e Carlos Alberto (André Moritz, 38'/2ºT); Alex Dias (Maurício, 29'/2ºT) e Adriano Magrão (Rodrigo Tiuí, 19'/2ºT). Técnico: Renato Gaúcho.

30 abril 2007

A despedida de Joel

Thiago Silva
Pela primeira vez na temporada de 2007, com cerca de três meses de atraso, o Fluminense apresentou-se em campo jogando alguma coisa parecida com futebol. Durante o primeiro tempo do jogo contra o Bahia, pelas oitavas da Copa do Brasil, a torcida finalmente pôde assistir a trocas de passes envolvendo o adversário, a jogadores se apresentando nos espaços vazios para receber um passe. É bem verdade que o adversário era o Bahia, que expia seus pecados na terceira divisão, e que o Fluminense não conseguiu manter o ritmo por pouco mais de alguns minutos, mas esses poucos minutos serviram para os torcedores tricolores matarem a saudade do Fluminense.

O Fluminense abriu o placar logo no início do jogo, após bela jogada de Alex Dias, servindo a Arouca que cruzou para Carlos Alberto dominar e marcar. O Fluminense poderia ter ampliado o placar ainda no primeiro tempo. Teve volume de jogo para tal, o Bahia sequer se aventurava ao campo ofensivo e parecia conformado apenas em esperar por um momento mais favorável do jogo, ou por um cochilo do Fluminense. Entretanto o Fluminense não marcou novamente. Rafael Moura acertou a trave de Paulo Musse, num chute rasteiro de fora da área, e o péssimo árbitro catarinense Paulo Sérgio de Godoy Bezerra ignorou o pênalti claro cometido pela zaga baiana, um carrinho frontal no atacante que se preparava para arrematar a gol.

Bastou apenas um minuto do segundo tempo para a realidade se abater sobre o tricolor. Novamente o Fluminense volta sonolento e burocrático do vestiário (fico imaginando o que o técnico Joel Santana fala que dê tanto sono) e, após a saída de bola, um chuveirinho despretensioso da direita, uma saída em falso do Fernando Henrique, e a bola sobra para Fabio Saci completar de primeira para o gol vazio. O choque de realidade foi demais para o Fluminense, que parou de jogar futebol e voltou a praticar aquilo que nem sabemos como denominar: passes para o lado, para trás, jogadores se escondendo dos outros, alguns tentando resolver o jogo sozinhos. Desandou a maionese. Nos minutos finais, o desequilíbrio de Carlos Alberto o leva a fazer uma falta por trás. Ganha um cartão amarelo e, por reclamação, é expulso.

Não fiquei surpreso, aliás, era o que eu esperava, quando vi na escalação a vitória do grupo de Carlos Alberto: ele, Rafael Moura e Fernando Henrique, todos os três titulares. Não é segredo para ninguém que o Fluminense tem um grupo dividido. Houve uma rixa séria entre Carlos Alberto e Cícero, que pôde ser presenciada pela torcida claramente na comemoração fria de Cícero no seu primeiro gol pelo tricolor, contra o Vasco, e na sua recusa à ajuda oferecida por Carlos Alberto para calçar as luvas quando substituiu Fernando Henrique, expulso contra o Boavista. Um grupo dividido, cheio de panelinhas que não se falam, é receita certa para o fracasso. Joel não conseguiu unir o grupo e deu força ao grupo de Carlos Alberto, um jogador que tem sido uma grande decepção para a torcida tricolor. Com ele em campo, o Fluminense dificilmente vence e invariavelmente joga mal. Com ele, ganharam força também o fraquíssimo goleiro Fernando Henrique e o perna-de-pau Rafael Moura. Não poderia mesmo dar certo.

Sem poder de reação em campo, o Fluminense poderia ter sido derrotado, não fosse o time do Bahia tão fraco. A torcida perdeu a paciência e passou a vaiar Fernando Henrique cada vez que ele pegava na bola. Vaias também para Joel, além de gritos de “burro”. Alguns torcedores passaram a gritar o nome de Renato Gaúcho, recém demitido pelo Vasco. O coro por Renato Gaúcho ganha força e se faz ouvir em campo, apesar das muitas vaias de outros torcedores. Joel, à beira do campo, parecia indiferente ao que acontecia. Numa das muitas paralisações da partida, enquanto os jogadores do Bahia faziam cera, Joel ficava imóvel em sua área técnica, sem dar uma instrução aos jogadores. Bem diferente do Arturzinho, que aproveitava o tempo para reunir os seus jogadores e passar-lhes as suas instruções. A impressão que ficou é que Joel estava conformado com o que acontecia, e até desejava a demissão, para receber sua polpuda multa rescisória. E assim o Fluminense vai se individando cada vez mais graças a incompetência de Roberto Horcades, David Fischel, Marcelo Penha e Alcides Antunes... Joel Santana pode ficar tranqüilo pois será demitido e poderá receber sua multa rescisória. Se levar um calote será mais um a processar o Fluminense, e receberá o dinheiro daqui a alguns anos, acrescidos de juros, honorários advocatícios, acordos, etc.

A torcida, perdida e dividida, passou a gritar o nome do Marcão. Alguns torcedores vaiaram. E aí, um coro completamente sem sentido: “Ah, Magno Alves!!!”, também seguido de vaias. Pobre torcida tricolor que sente saudade até dos gols perdidos de Magno Alves...

Infelizmente, em pleno século XXI, o Fluminense continua rumando para o abismo, sendo dirigido de forma amadora por um bando de pessoas de interesses duvidosos. Dizem que ouvem os pedidos da torcida, mas seu ouvido é seletivo. Não foi a torcida uníssona que pediu por Renato Gaúcho, mas apenas parte dela. Um coro muito maior pede a saída de Fernando Henrique, não do time titular, mas das Laranjeiras, há muito tempo, e isso eles não ouvem. Há muitos interesses em jogo e infelizmente são todos mais fortes que os interesses do Fluminense Football Club.

FICHA TÉCNICA - SÚMULA
FLUMINENSE 1 X 1 BAHIA

Estádio: Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)
Data/hora: 19/4/2007 - 20h30min (de Brasília)
Árbitro: Paulo Henrique de Godoy Bezerra (SC)

Renda/público: R$ 66.221,00 / 10.903 pagantes

Cartões amarelos: Thiago Silva, Luiz Alberto, Romeu e Carlos Alberto (FLU), Fausto, Rafael Bastos e Amauri (BAH)
Cartões vermelhos: Carlos Alberto (FLU)

GOLS: Carlos Alberto, 16'/1ºT (1-0); Fábio Saci, 1'/2ºT (1-1)

FLUMINENSE: Fernando Henrique, Rafael, Thiago Silva, Luiz Alberto e Junior Cesar; Romeu, Arouca, Thiago Neves (André Moritz, 36'/2ºT) e Carlos Alberto; Alex Dias e Rafael Moura. Técnico: Joel Santana.

BAHIA: Paulo Musse, Maricá (Dudu, 18'/2ºT), Hebert, Rogério e Victor Boleta; Marcone, Fausto, Emerson Cris (Danilo Gomes, 34'/2ºT) e Rafael Bastos; Moré (Amauri, 24'/2ºT) e Fábio Saci. Técnico: Arturzinho.

08 abril 2007

Despedida melancólica

Carlos Alberto e Cícero
O Fluminense entrou em campo hoje, na última rodada da Taça Rio, esperando que um milagre acontecesse. Para se classificar para as finais do Carioca, o Fluminense precisava vencer o Boavista, no Maracanã, por três gols de diferença, e torcer para uma combinação de resultados: a vitória do Americano sobre o Volta Redonda, na cidade do aço, e a derrota do Friburguense para o Madureira, em Conselheiro Galvão. O milagre? Bem, o milagre seria o Fluminense jogar bem e golear o Boavista.

A torcida tricolor já jogou a toalha há muito tempo e não se deu ao trabalho de ir ao Maracanã torcer, com exceção de uns poucos abnegados e dos membros da torcida organizada que recebem ingressos gratuitamente para apoiar o time. Antes do jogo, o zagueiro Roger foi entrevistado e, perguntado se seria possível fazer três gols no Boavista, respondeu com sabedoria: “Calma, uma coisa de cada vez. Precisamos fazer o primeiro gol para desmantelar o time do Boavista e aí pode ser que os outros gols aconteçam.”

A tática poderia ter dado certo. O Fluminense teve duas chances logo no início do jogo. Na primeira, Alex Dias viu-se livre em frente ao goleiro mas não teve calma na conclusão. Na segunda, o gol tricolor. Após uma jogada aérea, Cícero completou de dentro da pequena área. Segundo o planejamento tricolor, era tudo que o Fluminense queria. Sair em vantagem logo aos 10 minutos de jogo. Mas não foi possível nem mesmo ensaiar uma pressão sobre o Boavista. No primeiro ataque do time de Saquarema, o péssimo zagueiro Luiz Alberto pipocou e o ponta esquerda deles caminhou livre para fazer o cruzamento para o centroavante.

O gol abalou o Fluminense que passou a ser dominado pelo Boavista. A virada não demorou muito, novamente em cima de Luiz Alberto. Um chute cruzado que um goleiro bom poderia pegar, mas o Fluminense não tem um goleiro bom. Não tem sequer um goleiro, quem joga nessa posição é Fernando Henrique, um misto de ginasta, bailarino e marketeiro. Fernando Henrique deu seu característico salto para cima e a bola entrou no canto.A partir daí não se viu mais futebol, pelo menos por parte do Fluminense, que estava muito confuso no estranho 3-5-2 armado pelo técnico Joel Santana. Um 3-5-2 sem ala esquerda, em que Roger, o terceiro zagueiro, é quem tinha que ocupar a ala esquerda pois Cícero jogava de meia. Ninguém entendeu esse esquema, nem a torcida, nem os jogadores.

No segundo tempo, Joel voltou ao 4-4-2 tirando Roger e colocando em campo o limitado Júnior César. No ataque, trocou Soares por Rafael Moura, outro jogador limitadíssimo. Em ritmo de treino, o Fluminense conseguiu a virada, com mais três gols em jogadas aéreas, através de Luiz Alberto, Rafael Moura e Carlos Alberto, em seu único lance de lucidez na partida. Foi talvez o pior jogador em campo.

No final do jogo, o Boavista lança uma bola ao ataque e Fernando Henrique hesita, bobeia, demora a sair do gol e precisa fazer pênalti sobre o atacante para evitar o gol. É expulso com justiça. Pena que foi na última partida do campeonato, não desfrutaremos do prazer de vê-lo fora do time na próxima partida... Como o Fluminense já havia feito três substituições, Cícero se apresenta para ir para o gol, mas não consegue defender o pênalti. E Cícero, que neste campeonato já jogou em todas as posições do meio campo, de atacante e lateral, joga também de goleiro. Só está faltando jogar de zagueiro para completar a lista, mas do jeito que o Fluminense é uma bagunça, pelo jeito não vai demorar muito.

O Fluminense precisa abrir o olho e começar a trabalhar sério. Chega de treinos de 29 minutos. Chega de conversa. O que é preciso é trabalho. Se falta entrosamento, então que os jogadores joguem oito horas por dia até ficarem cansados de tanto entrosamento. Alguns torcedores estão pedindo uma barca, uma lista de dispensa. Eu concordo, desde que seja uma barca de diretores, levando Roberto Horcades, David Fischel, Marcelo Penha e Alcides Antunes para bem longe das Laranjeiras. Xô assombrações! Vão assombrar outros clubes!

FICHA TÉCNICA:

FLUMINENSE 4 X 3 BOAVISTA

Estádio: Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)
Data/hora: 8/4/2007 - 16h (de Brasília)
Árbitro: Adriano Pereira Machado (RJ)
Auxiliares: Marcelo Fonseca Duarte (RJ) e Ricardo Maurício Ferreira da Almeida (RJ)

Renda/público: Rodada dupla

Cartões amarelos: Marcelo Cardoso, Léo Faria, Róbson (BOV)
Cartões vermelhos: Fernando Henrique, 37'/2ºT (FLU); Marcelo Cardoso, 43'/2ºT (BOV)

GOLS: Cícero, 8'/1ºT (1-0); Anselmo, 10'/1ºT (1-1); Paulo Rodrigues, 23'/1ºT (1-2); Luiz Alberto, 16'/2ºT (2-2); Rafael Moura, 26'/2ºT (3-2); Carlos Alberto, 34'/2ºT (4-2); Anselmo, 39'/2ºT (4-3)

FLUMINENSE: Fernando Henrique, Carlinhos (David, 30'/2ºT), Luiz Alberto, Thiago Silva e Roger (Junior Cesar, intervalo); Fabinho, Arouca, Cícero e Carlos Alberto; Soares (Rafael Moura, intervalo) e Alex Dias. Técnico: Joel Santana.

BOAVISTA: Erivélton, Paulo Rodrigues, Róbson (Glauber, 40'/2ºT), Váldson e Arílson; Éverton, Marcelo Cardoso, Léo Faria e Thiaguinho (Bruno Moreno, 27'/2ºT); Flávio Santos (Alex Alves, 19'/2ºT) e Anselmo. Técnico: Gaúcho.

07 abril 2007

Muita conversa e pouco trabalho

Após a vergonhosa derrota para o América de Natal, com um jogador a menos e desfalcado de Souza, o seu melhor jogador, o Fluminense parece ter finalmente acordado para a realidade de que a continuar assim, será um sério candidato ao rebaixamento no campeonato brasileiro.

A tragédia só não foi maior por que a vitória por 2x1 em Natal classificou o Flu para a próxima fase da Copa do Brasil, onde irá enfrentar o Bahia, um time que costuma complicar as coisas para nós. Como se já não estivessem tão complicadas... A derrota do Vasco para o Gama, no jogo de fundo, ajudou a tirar o foco da péssima partida que o Fluminense jogou. Toda a imprensa só tinha olhos para o milésimo gol de Romário, que acabou não saindo. Quem saiu foi o Vasco, da Copa do Brasil.

No dia seguinte, quase ninguém apareceu nas Laranjeiras, os jogadores ganharam folga. Quando voltaram ao "trabalho", foi para ouvir um sermão de quase uma hora de duração do "presidente" Roberto Horcades, pedindo empenho. Depois do sermão, um coletivo de apenas 29 minutos. Foi só.

Praticamente eliminado do campeonato carioca e jogando um futebol medíocre, o Fluminense ainda está muito longe do que precisa para fazer uma campanha sem risco nesse campeonato brasileiro. O primeiro semestre está prestes a se encerrar. Temos apenas pela frente a Copa do Brasil, mas sem padrão tático nem o mais fanático tricolor acredita que o time irá longe. Além da falta de padrão, o time está dividido, como ficou claro nas palavras de Luiz Alberto após o mais recente vexame, contra o time potiguar, reclamando de Carlos Alberto.

Joel, completamente perdido nas escalações e constantes trocas, não consegue decidir se Cícero é meia, atacante ou ala. Domingo, contra o Boavista, na despedida do campeonato carioca, Cícero será ala. O Fluminense voltará ao 3-5-2, o esquema que, nos últimos dois anos, ainda nos deu alguns minutos de bom futebol. Em 2005, sob o comando do Abel, e no ano passado, em alguns poucos jogos com o Oswaldo de Oliveira. Não há muitas esperanças, com esse elenco rachado e esse treinador egocêntrico, mas o 3-5-2 é a única opção possível (e que já deveria ter sido implantada há muito tempo). Pobre Cícero, que vai para o sacrifício novamente.

02 abril 2007

Vexame em Moça Bonita

Alex Dias
O Fluminense praticamente deu adeus ao campeonato carioca com a derrota de ontem para o Americano, em Moça Bonita. Será o segundo ano seguido em que não conseguimos nos classificar sequer para uma semifinal de turno no campeonato carioca. Sinal de que estamos prestes a repetir o papelão do ano passado quando lutamos para não sermos rebaixados no campeonato brasileiro.

Após a vitória espírita sobre o Flamengo na semana passada, Joel acreditou que os deuses do futebol continuariam a empurrar o Fluminense para a frente. Precisando da vitória sobre o violento e retrancado time do Americano, não se sabe porquê resolveu escalar o Fluminense num 4-5-1, somente com Alex Dias na frente. O Fluminense foi patético no primeiro tempo e pouco apresentou de bom. A única boa presença em campo foi a volta de Arouca, que mostrou a lucidez de sempre. Lucidez que faltava no banco do Fluminense. Joel assistia a tudo passivamente e não mudou o time no primeiro tempo.

No intervalo, corrigiu o erro que cometera, arrumando o time no 4-4-2 que vinha sendo o esquema em todas as partidas, trazendo Soares de volta ao time. Mas errou na substituição, tirando André Moritz, que tinha boa presença e chegou mesmo a finalizar duas vezes no primeiro tempo. Arouca cansou e passou a ser bem marcado no segundo tempo. Mesmo assim, o Fluminense voltou melhor e dominou boa parte do jogo. Mas não conseguia criar boas oportunidades e quando conseguia criar uma chance, desperdiçava de forma bisonha, como numa subida ao ataque do zagueiro Luiz Alberto, quando este teve a chance de deixar um companheiro na cara do gol mas preferiu arriscar uma cabeçada e mandou para fora.

Quando o Fluminense estava melhor em campo, o Americano chegou ao gol. Num escanteio da direita, a zaga do Fluminense deixa o atacante cabecear livre para o gol. A bola passa entre as mãos do goleiro Fernando Henrique que falha novamente. O gol abalou o tricolor que a partir desse momento foi inteiramente dominado pelo adversário, que por pouco não ampliou o placar.

O desespero tricolor se evidenciou na substituição de Ivan por Rafael Moura, um atacante trombador que briga com a bola. Pior do que isso somente a cotovelada que Thiago Neves deu no jogador do Americano, rasgando-lhe a face. Quando os jogadores do Fluminense pensaram em reclamar da expulsão, deram de cara com o sangue no rosto do jogador campista e desistiram da reclamação. Nem podemos reclamar dos dois pênaltis não marcados a nosso favor pelo péssimo árbitro Marcelo de Lima Henrique. Um time que joga desse jeito não pode reclamar de nada.






FICHA TÉCNICA -
SÚMULA
AMERICANO 1 x 0 FLUMINENSE

Estádio: Moça Bonita, Rio de Janeiro (RJ)
Data/hora: 1/4/2007 - 16h (de Brasília)

Árbitro: Marcelo de Lima Henrique (RJ)
Auxiliares: Nalcy José da Silva e Sérgio Ribeiro Teixeira(RJ)

Cartões amarelos: Índio, Fabinho e Pardal(AMR); Ivan, Carlinhos(FLU)
Cartão vermelho: Thiago Neves(FLU)

Borderô:
Renda: R$ 12.060,00
Público pagante: 1.047

GOL: Diogo - 26´/2ºT(AMR)

AMERICANO: Jefferson, Anderson, Fabão e Leandro; Fabinho, Índio(Diogo/intervalo), Kim (Caetano - 15´/2ºT), Carlos Eduardo (Gugu - 10´/2ºT) e Pirão; Pardal e Diego - Técnico: Válter Ferreira

FLUMINENSE: Fernando Henrique, Carlinhos, Thiago Silva, Luiz Alberto e Ivan(Rafael Moura - 28´/2ºT); Fabinho, Arouca, David (Thiago Neves - 19´/2ºT) e André Moritz (Soares/intervalo); Cícero e Alex Dias - Técnico: Joel Santana

29 março 2007

Fluminense vence Fla-Flu de virada


O Fla-Flu de hoje à noite no Maracanã era um jogo decisivo para as duas equipes, em que a derrota significaria a eliminação. Para o Flamengo, da Taça Rio; para o Fluminense, do próprio campeonato carioca. Era de se esperar que o Fluminense fosse o time mais interessado na vitória, mas não foi isso o que se viu em campo. Em ritmo de treino, as duas equipes se arrastavam, cumprindo tabela. O Flamengo, bem melhor organizado, dominava a posse de bola e marcava bem o Fluminense, que sequer conseguia armar um contra-ataque.

Em ritmo lento e sem criatividade, o Fluminense se limitava a chuveirinhos que eram facilmente interceptados pelo bom goleiro rubro-negro, Bruno. Em um desses chuveirinhos, após uma falta cobrada por Carlinhos, Bruno faz a defesa e lança a bola para o contra-ataque flamenguista. Roni cai pela ponta-esquerda, aproveitando o buraco deixado pela subida de Carlinhos ao ataque, Fabinho falha na marcação, e Roni consegue cruzar rasteiro para Souza abrir o placar.

A derrota parcial no intervalo foi um placar justo para o Fluminense, que entrou em campo mal escalado, com Fernando Henrique no gol e Romeu de volante. Fernando Henrique não falhou no lance do gol flamenguista, mas em duas oportunidades teve mais sorte do que juízo. No primeiro tempo, saiu mal do gol e por sorte Renato não conseguiu encobri-lo de cabeça. No segundo tempo, repetiu o erro e o Flamengo mandou uma bola no travessão. Romeu era outra nulidade em campo e protagonizou vários lances bizarros. No pior de todos, caiu sentado e deixou a bola para o contra-ataque do Flamengo. Na lateral esquerda, Ivan também não vinha bem e quase não arriscava uma subida ao ataque. Quando resolvia subir, perdia a bola infantilmente e deixava uma avenida às suas costas.

O Fluminense deu a sorte (e teve a competência) de voltar mais ligado para o segundo tempo e conseguir o empate logo no reinício do jogo, com Cícero completando de primeira um cruzamento de Carlinhos. O gol abalou a equipe do Flamengo por cerca de 15 minutos, em que o Fluminense foi todo pressão, mas não conseguiu converter as chances em gol. A partir daí, o Flamengo voltou a jogar melhor. Renato Augusto puxava os contra-ataques e era o melhor jogador do Flamengo. Fernando Henrique defendeu um bom chute de Renato Augusto. Outra bola foi na trave, e Thiago Silva, o nosso melhor jogador em campo, salvou pelo menos outros dois lances.

Aos 25 minutos, substituições em massa: o Flamengo tira Roni e põe Juninho Paulista. O Fluminense tira Soares, que vinha mal na partida e põe Lenny, que foi pior. Ia tirar David para a entrada de André Moritza, mas Carlinhos sente uma contusão e tem que sair. Romeu deveria vir para a lateral direita, mas passa ainda cinco minutos jogando de volante até que alguém consegue avisá-lo que ele deveria ser lateral. Coisas de um time sem comando como o Flu. Que falta faz o Marcão...

David acaba saindo mais tarde, no finzinho do jogo, cansado, para a entrada de Thiago Neves. Cícero cai no meio campo, sentindo câimbras, mas o Fluminense já havia queimado as três substituições. E nesse finzinho de jogo, o Fluminense consegue encontrar a sua melhor formação. André Moritz entrou muito bem no jogo, ocupando o meio-campo, defendendo e atacando. Aos 41 minutos, Irineu, zagueiro do Flamengo vai cortar uma bola e espirra o taco. A bola sobra a feição para Alex Dias marcar. Só ele o goleiro Bruno pela frente, mas Alex Dias erra a conclusão e chuta para fora. Seria o gol da virada. Quando ninguém esperava mais nada, aos 48 minutos do segundo tempo, Thiago Neves toca para Alex Dias, que toca de primeira para dentro da área. Cícero entra na corrida e toca para o gol, também de primeira. Bruno ainda toca na bola, mas ela entra.

O Fluminense consegue uma vitória injusta, mas não importa. Ainda estamos vivos no campeonato e voltamos a vencer um clássico, depois de um ano. Agora é esperar para ver se Joel vai manter no time os jogadores que mostraram evolução, ou se vai continuar insistindo com Carlos Alberto, gordo e fora de forma.






FICHA TÉCNICA - SÚMULA
FLUMINENSE 2 X 1 FLAMENGO

Local: Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)
Data - hora: 29/03 - 20h30min

Árbitro: Djalma José Beltrami Teixeira (RJ)
Auxiliares: Hilton Moutinho Rodrigues e Delcio da Silva Brum (RJ)

Cartões Amarelos: David, Fabinho (FLU); Leonardo (FLA)
Cartões Vermelhos: Não houve.

Borderô:
Renda: R$ 200.905,00
Público: 11.288 pagantes

GOLS: Souza, 29'/1ºT (0-1); Cícero, 1'/2ºT (1-1); Cícero, 48'/2ºT (2-1)

FLAMENGO: Bruno, Luisinho (Leandro Salino, intervalo), Irineu, Ronaldo Angelim e Juan; Paulinho, Léo Medeiros, Renato e Renato Augusto; Roni (Juninho Paulista, 23'/2ºT) e Souza (Leonardo, 37'/2ºT). Técnico: Ney Franco.

FLUMINENSE: Fernando Henrique, Carlinhos (André Moritz, 23'/2ºT), Thiago Silva, Luiz Alberto e Ivan; Fabinho, Romeu, Cícero e David (Thiago Neves, 37'/2ºT) ; Alex Dias e Soares (Lenny, 23'/2ºT). Técnico: Joel Santana.

24 março 2007

Um time sem alma

Alex Dias
O que esperar de um jogo quando acordo, compro os jornais e leio isto:

“Minha história no futebol é assim. Já consegui sair de situações difíceis e dar a volta por cima. Respeito o adversário, mas só penso em vencer. Se perder ponto, estou fora. Isso não pode passar pela minha cabeça.”

Quem lê esse trecho, todo falado na primeira pessoa (coisa que não pode acontecer em um esporte coletivo como o futebol) pensa que se trata de uma declaração do craque do time. Mas não – muito pior – é uma declaração do técnico Joel Santana.

E ele continua a sua egotrip:

“Não vou ficar chorando pelo leite que caiu no chão nem falar sobre hipóteses para o futuro. Minha conversa com a diretoria não foi a de um técnico aventureiro. Para me tirar e colocar alguém, tinha que ser o Felipão, o Parreira ou o Luxemburgo. Os outros todos são do mesmo nível que eu” - viaja.

Não vou nem comentar essa sandice de um técnico mediano querer se comparar a esses técnicos consagrados. Só quero chamar a atenção para esse tipo de declaração à imprensa às vésperas de um jogo decisivo para o Fluminense. Ninguém fala no jogo, ninguém fala no adversário, ninguém fala nos jogadores, que são, em última análise, quem vence ou perde os jogos. Por essa declaração do Joel Prancheta, dá para adivinhar que sua nova passagem pelo Fluminense não durará muito tempo. “Eu venci, nós empatamos e vocês perderam” é coisa que nenhum jogador agüenta.

Bom, mas vamos ao jogo, realizado em Moça Bonita no esdrúxulo horário das 15:15. O que se viu dentro de campo foi o que se esperava do jogo: o jogo de um time entrosado contra um time desentrosado. O Madureira é o time que joga mais bonito nesse campeonato carioca. Uma bela surpresa. Se tivesse camisa poderia ter vencido a Taça Guanabara. Toca a bola de primeira e marca bem, não deixa o adversário entrar no jogo.

O Fluminense sentiu que o Madureira seria um adversário difícil logo nos primeiros minutos e se encolheu, não conseguindo encontrar espaços para atacar o adversário. Aos 15 minutos de jogo o Madureira já chegara com perigo em duas oportunidades. O gol estava amadurecendo, e foi acontecer aos 34 minutos, com Muriqui, após Carlos Alberto perder a bola no meio campo. Carlos Alberto, o "craque" do time, teve uma atuação bisonha em que parecia estar fugindo do jogo, se escondendo em campo. Nas poucas vezes em que a bola chegou a seus pés nada fazia de útil, procurando quase sempre o drible, a jogada individual, facilmente impedida pelo adversário. Antes do jogo, em uma entrevista, ele admitiu ainda não estar 100% recuperado da contusão no quadril e estava com medo do contato físico. Então, por que foi escalado? E por que não foi substituído no intervalo?

Em vez disso, no intervalo Joel Cachaça tirou Cícero e Soares e botou em campo Lenny e Rafael Moura. O Fluminense ganhou mais vontade com esses dois, mas não chegou a lugar algum. São dois jogadores que jogam individualmente, para si. E, ao lado de Carlos Alberto, que também joga sozinho, o Fluminense no segundo tempo foi isso: um amontoado de jogadores tentando resolver o jogo em jogadas individuais. É claro que não poderia dar certo diante de um adversário consciente e muito bem postado em campo, como o bom time do Madureira. A vitória poderia ter sido maior não fosse o goleiro Fernando Henrique ter feito duas defesas importantes, em chutes de Maicon e Marcelo. O que também não significa coisa alguma, pois a dívida do Fernando Henrique com o Fluminense é imensa.

No intervalo, Carlos Alberto reclamou que faltava vontade nos seus companheiros, mas a verdade é que não se trata de um problema de falta de vontade. Vontade falta, é bem verdade, mas falta muito mais do que vontade. Falta inteligência, organização, jogadas ensaiadas, coletividade etc. Falta alma. Esse time do Fluminense é um time sem alma. Ou melhor, não é nem um time, é uma atividade comercial, um negócio, um sei lá o quê.


FICHA TÉCNICA - SÚMULA
MADUREIRA 1 x 0 FLUMINENSE
Estádio: Moça Bonita, Rio de Janeiro (RJ)

Data/hora: 24/3/2007 - 15h15min (de Brasília)
Árbitro: José Alexandre Barbosa Lima (RJ)
Auxiliares: Jorge Luis Campos Roxo e Dibert Pedroza Moises (RJ)

Cartões amarelos: Claudemir, Odvan, André Paulino, Zé Augusto e Marcelo (MADUREIRA). Carlinhos, Luiz Alberto e Junior Cesar (FLU).

Borderô:
Renda: R$ 19.670,00
Público pagante: 1.765

GOL: Muriqui, 34'/1ºT (1-0)

MADUREIRA: Everton, Claudemir, Odvan, Léo Fortunato e Amarildo; André Paulino, Wagner (Daniel, 8'/1ºT), Zé Augusto (Alex, 37'/2ºT) e Maicon (Osmar, 27'/2ºT); Muriqui e Marcelo - Técnico: Alfredo Sampaio

FLUMINENSE: Fernando Henrique, Carlinhos, Luiz Alberto, Thiago Silva e Junior Cesar; Fabinho, Romeu, Carlos Alberto e Cícero (Lenny, intervalo); Alex Dias e Soares (Rafael Moura, intervalo)- Técnico: Joel Santana

18 março 2007

Flu perde a primeira na Taça Rio

Julio Cezar defende o penalti de Carlos Alberto
Quando Joel Santana decidiu dar mais uma oportunidade a Fernando Henrique, na semana passada, contra a Cabofriense, escalando-o como titular e barrando Ricardo Berna, eu sabia que mais cedo ou mais tarde ele voltaria a falhar. E não seria naquele jogo, mas em outro mais importante, e sua falha traria sérios prejuízos ao Fluminense. Não demorou muito tempo para a falha acontecer. Hoje, contra o Botafogo, Fernando Henrique pulou atrasado num chute de Diguinho, com o pé esquerdo, da intermediária, a quase 35 metros de distância. A bola entrou no canto e o Botafogo venceu o jogo.

Não se pode dar chance ao azar. Joel deu, escalando essa figura lamentável. Por sorte, não pôde botar em campo o Rafael, como fizera nas duas últimas partidas. Rafael contundiu-se contra o América de Natal e Joel foi obrigado a escalar o melhor lateral, Carlinhos. Melhor lateral, não: o melhor jogador do Fluminense na temporada, responsável por 70% das jogadas de gol. Mas como o Fluminense é um time ao contrário em que competência e eficiência em campo não são garantias de nada, e o jogador que tem um empresário mais influente é escalado em detrimento de um companheiro que está jogando melhor, temos que considerar que a contusão do Rafael foi um golpe de sorte pois entramos em campo com o Carlinhos, hoje.

Infelizmente não pudemos contar com o Arouca, e tivemos, mais uma vez, que ver o Romeu jogando de volante, ao lado do Fabinho. Nenhum dos dois joga melhor que o Marcão, mesmo velho. Mas como o Fluminense é um time ao contrário, dispensou o Marcão no início do ano a pedidos do PC Gusmão, que como técnico é um excelente preparador de goleiros. Tudo bem, a mala do PC Gusmão já está assombrando o Náutico e estão dizendo que o Marcão volta para disputar o Brasileirão. Vamos aguardar.

Voltando a falar do jogo, foi um clássico disputado, com poucas chances do gol para cada lado. O Fluminense teve as melhores chances, mas perdeu todas. A melhor de todas, um pênalti desperdiçado por Carlos Alberto, batido à meia altura e defendido pelo bom goleiro Júlio César. Um goleiro que sabe sair do gol, sabe defender e sabe fazer cera na hora certa.

Carlos Alberto ainda não se encaixou no time. Vem buscar a bola na defesa do Fluminense, joga muito afastado da área. Quando recebe a bola tenta carregá-la até a área adversária, coisa que nunca consegue fazer, pois sofre falta antes disso. Não sabe se é meio campo ou atacante. Aliás, o que ele é eu também não sei. Pressupõe-se que um meio campo saiba passar uma bola, virar um jogo, cadenciá-lo quando for preciso. Um atacante joga dentro da área, finaliza e incomoda os zagueiros adversários. Carlos Alberto não faz nada disso. É um jogador à procura de uma posição.




FICHA TÉCNICA - SÚMULA
BOTAFOGO 1 X 0 FLUMINENSE

Local: Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)
Data - hora: 18/03 - 18h10min
Árbitro: William Nery
Auxiliares: Ediney Guerreiro Mascarenhas e Paulo Sergio Durães Fernandes
Cartões amarelos: Romeu, Fabinho, Roger(FLU), Alex, Túlio, Juninho(BOT)
Cartão vermelho: Túlio (BOT)

Borderô:
Renda: R$ 488.355,00
Público pagante: 24.421

GOLS: 21'/2º Diguinho (BOT)

BOTAFOGO: Júlio César, Joilson, Juninho, Alex e Luciano Almeida(Asprilla - 33'/2ºT); Túlio, Diguinho, Zé Roberto e Lucio Flavio(Leandro Guerreiro - 20'/2ºT)); Jorge Henrique(Luís Mário - 20'/2ºT) e Dodô. Técnico: Cuca

FLUMINENSE: Fernando Henrique, Carlinhos, Thiago Silva, Luiz Alberto e Roger; Fabinho, Romeu, Cícero(Lenny - 26'/2ºT) e Carlos Alberto; Alex Dias e Soares(Thiago Neves - 41'/2ºT). Técnico: Joel Santana.

12 março 2007

Patinando sem sair do lugar

Alex Dias
O Fluminense foi o último time grande a estrear no segundo turno. Quando entrou em campo ontem, para enfrentar a Cabofriense, já sabia que teria que vencer o jogo, pois seus adversários diretos na chave, Vasco e América, também venceram seus jogos. Na preliminar o Botafogo goleou o Friburguense por 7 a 0, aumentando mais ainda a pressão para cima do Flu.

A expectativa da torcida era enorme pois o time teve um grande período de treinamento já sob o comando de Joel e do novo preparador físico, Fabio Mahseredjian. Além disso nos dois últimos jogos, contra o Vasco e ADESG, o time mostrou evolução e jogou bem. Entretanto, logo nos primeiros minutos ficou claro que alguma coisa estava errada. O Fluminense não conseguia criar chances de gol, limitando-se a chuveirinhos na área, e não mantinha a posse de bola. Aos 17 minutos, depois de uma falha do lateral esquerdo Ivan, a Cabofriense abriu o placar. Foi o suficiente para ecoarem as primeiras vaias da torcida.

Ainda o primeiro tempo, o Fluminense conseguiu a virada, com dois gols de Alex Dias. O segundo, em bela jogada individual, num rápido contra-ataque em que foi lançado por Fabinho. As substituições de Joel pioraram o time. Rafael jogou pior que Carlinhos, que vinha sendo um dos destaques do time. No segundo tempo, Carlinhos entrou para dar mais movimentação e apoio ao ataque pelo lado direito e ainda marcou um belo gol, num chute fortíssimo de fora da área. Fernando Henrique também não jogou bem, foi pouco exigido pelo ataque da Cabofriense, mas mostrou hesitação em uma bola cruzada na área, sem falar que usa e abusa dos chutões para o ataque. Perdemos a saída de bola inteligente de Ricardo Berna, que sempre encontrava um companheiro bem colocado para sair jogando. Com os chutões de Fernando Henrique, nossa posse de bola fica ainda mais comprometida. O Fluminense precisa aumentar a posse de bola para cansar o adversário e descansar durante o jogo. Não é possível jogar apenas no contra-ataque, isso é uma tática simples demais para ser aplicada durante todo o jogo. É uma pena, mas hoje podemos dizer que o Fluminense regrediu taticamente do que apresentou no jogo contra o Vasco.



A triste conclusão é que já estamos no mês de março e ainda não temos time. Nosso time não tem alma. Não há conjunto, há apenas valores individuais esforçando-se isoladamente. Isso não leva a nada. Quem conquista títulos é a alma, já disse um cronista esportivo.

Depois da atuação de hoje, posso dizer que não acredito no Fluminense nesse campeonato. Há um caminho muito longo a percorrer e parece que estamos patinando sem sair do lugar. O que mais nos desanima é que quando finalmente conseguirmos formar um time, a diretoria irá desfazê-lo e tudo voltará à mesma.


FICHA TÉCNICA - SÚMULA

FLUMINENSE 3 x 1 CABOFRIENSE

Estádio: Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)
Data/hora: 11/3/2007 - 18h10min (de Brasília)

Árbitro: Marcelo de Souza Pinto
Auxiliares: Élson Passos Senna Filho e Ronaldo Cristiano Kenupp

Borderô:
Público pagante: 13.119
Renda: R$ 151.565,00

Cartões amarelos: Esquerdinha (CAB)

Gols: 17'/1ºT (0-1) William; 31'/1ºT - (1-1) Alex Dias; 38'/1ºT - (2-1) Alex Dias; 33'/2ºT - Carlinhos (3-1)

FLUMINENSE: Fernando Henrique, Rafael (Carlinhos - 24'/2ºT), Thiago Silva, Luiz Alberto e Ivan; Fabinho, Arouca, Cícero e Thiago Neves (Lenny - 24'/2ºT); Alex Dias e Soares (Romeu - 37'/2ºT). Técnico: Joel Santana

CABOFRIENSE: Gatti, Valdir, Cléberson, Everton e Leandro Luz (Júlio César - 11'/2ºT) ; Marcão, Jardel, Marcelinho e Esquerdinha; William (Fábio Pinto - 27'/2ºT) e Alexssandro (Luiz Carlos- 27'/2ºT). Técnico: Waldemar Lemos.

10 março 2007

O time de Joel

O Fluminense estréia amanhã na Taça Rio, contra a Cabofriense de Marcão e Joel anuncia várias mudanças no time titular. No gol, tira Ricardo Berna e dá mais uma oportunidade a Fernando Henrique. Na zaga, quem sai é Roger para a volta de Luiz Alberto, recuperado da contusão. Na lateral direita, Carlinhos vai para o banco para dar lugar a Rafael que, enfim, fará sua estréia pelo Fluminense.

A única mudança que entendemos é a volta de Luiz Alberto no lugar de Roger, que é um grande jogador, mas estava jogando improvisado na zaga. Luiz Alberto tem mais vigor e altura e é o titular da posição. Roger tem vaga fácil no time titular, mas é na lateral esquerda, pois Júnior César e Ivan ainda não jogaram uma grande partida este ano.

A volta de Fernando Henrique é lamentável. Talvez não lamentemos agora, nesse momento, mas certamente iremos lamentar mais tarde, quando ele tornar a falhar. Várias chances já foram dadas a esse rapaz que não conseguiu aproveitar nenhuma delas, mostrando sempre imaturidade para ser goleiro do Fluminense. Não conseguiu sequer barrar Kleber, um goleiro limitadíssimo, quando os dois disputavam posição em 2005. No ano passado quase levou o Fluminense ao rebaixamento quando inexplicavelmente espalmou uma bola para dentro do gol.

Quanto à troca de Carlinhos por Rafael, vou esperar o jogo de amanhã para comentar. Se Joel está barrando o melhor jogador do Fluminense neste ano, o jogador que criou as jogadas que originaram a maioria dos gols tricolores, bom motivo ele deve ter. No mínimo, Rafael deve estar arrebentando, comendo a bola nos treinos. Vamos ver.

07 março 2007

Assis retorna ao Fluminense

Branco e Assis
O lado esquerdo do Fluminense será reforçado a partir de agora. Branco, um dos maiores laterais esquerdos do Fluminense e do futebol mundial, agora coordenador de futebol do clube que o consagrou, trouxe o amigo Assis, também canhoto, para fazer integrar a comissão técnica do Fluminense. Assis terá o cargo de coordenador técnico das divisões de base, em Xerém, onde irá procurar novos jogadores e avaliar os atletas e técnicos de todas as divisões de base do clube.

Uma excelente contratação para o Fluminense, que se beneficiará da experiência e da estrela de Assis, além de fazer uma justa homenagem a quem foi o grande craque do timaço tricampeão carioca e campeão brasileiro na década de 80. Assis estava eufórico ao ser apresentado à imprensa e confessou estar tão emocionado como quando pisou pela primeira vez nas Laranjeiras, em 1983.

05 março 2007

A bruxa estava solta

A bruxa estava solta nesse fim de semana. Em São Paulo, Corinthians e Palmeiras fizeram o clássico da rodada, e dois jogadores, um de cada lado, tiveram contusões semelhantes no joelho: Nilmar e Alemão sofreram ruptura do ligamento cruzado anterior. A situação de Nilmar é a mais triste. O craque corintiano havia retornado aos campos há pouco tempo, vindo justamente de uma lesão como essa, só que no outro joelho. Agora serão pelo menos mais seis meses de recuperação, cirurgia e fisioterapia para que Nilmar possa voltar a jogar. A ironia é que esta contusão, assim como a primeira, também aconteceu num Palmeiras x Corinthians, sem que Nilmar tivesse tido qualquer choque com o adversário: torceu o joelho sozinho, o que pode demonstrar uma fragilidade e tendência do jogador a esse tipo de lesão.

O jogador, que é jovem ainda, poderá voltar a apresentar o futebol que encantou a todos nós. O enxerto que será implantado em seu joelho para fazer o papel do ligamento rompido, tem uma resistência três vezes maior que a do ligamento natural. Daqui a seis meses, com os dois joelhos novos, Nilmar dificilmente estará sujeito a outra contusão como essa. Curiosamente, Nilmar foi disputado pelo Flamengo, no início desta temporada, mas acabou permanecendo em São Paulo. Se tivesse vindo para o Flamengo, o time carioca estaria com os seus dois principais atacantes no estaleiro por seis meses com a mesma lesão. Obina também rompeu os ligamentos do joelho no domingo passado, no jogo contra o Vasco.

A bruxa não ficou apenas em São Paulo e passeou também pelo Maracanã, onde Madureira e Flamengo fizeram o primeiro jogo da decisão da Taça Guanabara. O Madureira foi superior e heróico, pois derrotou a arbitragem e o adversário. A bruxa se manifestou quando tirou o atacante Valdir Papel com fratura no pé, num lance em que ele tentou chutar para o gol quando deveria ter servido o companheiro livre.

E até mesmo o Fluminense, que não jogou neste domingo, mesmo este não conseguiu escapar da maré de azar. O goleiro Diego chocou-se com a trave nos treinamentos e saiu de campo com fortes dores no joelho.

28 fevereiro 2007

Flu joga bem e vence sem Carlos Alberto

Na reestréia de Joel Santana no comando tricolor, o Fluminense goleou a ADESG, do Acre, por 6 a 0. Diferentemente da equipe insegura de PC Gusmão, o Fluminense mostrou boa movimentação, disposição e aplicação tática. É claro que o adversário não exigiu muito do Fluminense, e entrou em campo acreditando que poderia enfrentar o tricolor de igual para igual. Foi o suficiente para o Fluminense construir o placar logo nos primeiros minutos, principalmente em jogadas pelas laterais com o apoio do bom lateral Carlinhos. Seus cruzamentos sempre traziam perigo à defesa acreana.



O meio campo tricolor também trabalhava bem a bola. Thiago Neves, Cícero e Arouca conseguiram envolver o time adversário, fazer jogadas em velocidade e ainda se apresentar ao ataque. Thiago Neves fez dois gols e Cícero mais um, deixando a dúvida na torcida com relação à titularidade de Carlos Alberto, que não jogou por contusão. Foi a primeira sem Carlos Alberto e coincidentemente (ou não) a equipe mostrou mais disposição e velocidade no meio campo. Após uma semana em que Soares quase deixou o clube, seduzido por uma proposta de um time japonês, e em que se ventilou os atritos entre Carlos Alberto e a dupla que veio do sul, que ocorreram na Taça Guanabara, é emblemático que o time tenha jogado tão bem e com tanta disposição sem a presença de Carlos Alberto. Afirmar que a ADESG não é parâmetro para nenhuma avaliação não é correto, pois cansamos de ver o Fluminense enfrentar times até piores e não mostrar disposição para jogar sério.

Portanto, além da classificação para a próxima fase, o que fica é a dúvida sobre como atuará este time com o retorno de Carlos Alberto, lá pela segunda rodada da Taça Rio. Ah, já ia me esquecendo, há que se registrar também o gol de Lenny, após vários meses sem marcar. Além de Lenny, também entraram, nos minutos finais, Adriano Magrão e Renato Silva, que ainda estão devendo boas atuações à torcida.


FICHA TÉCNICA - SÚMULA
FLUMINENSE 6 X 0 ADESG
Estádio: Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)
Data/hora: 28/2/2007 - 20h30min (de Brasília)
Árbitro: Edson Esperidião/ES
Auxiliares: Antônio Carlos de Oliveira/ES e Marcos Antônio Moreira Collodetti/ES

Borderô:
Público: 4.037 pagantes
Renda: R$ 36.807,00

Cartões amarelos: Piu, Léo, Samuel, Fernando (ADESG)
Cartão vermelho: Piu (42'2T)

GOLS:
Alex Dias, 2'/1ºT (1-0); Cicero; 20'/1ºT (2-0), Thiago Neves, 23'/1ºT (3-0); Thiago Silva, 41'/1ºT (4-0); Thiago Neves 10'/2ºT (5-0) Lenny, 43'/2ºT.

FLUMINENSE: Ricardo Berna, Carlinhos, Thiago Silva, Roger (Renato Silva, 30'/2T) e Ivan; Fabinho, Arouca, Thiago Neves (Lenny, 30'/2T) e Cícero; Alex Dias e Soares (Adriano Magrão 30'/2T). Técnico: Joel Santana.

ADESG: Marlon, Adriano, Aguinaldo e Piu; Jefferson (Igor, 18'/2ºT), Bigal, Da Silva (Zico, intervalo), Diego e Samuel (Japão 30'/1ºT); Juninho e Fernando. Técnico: José Lopes Risada.

26 fevereiro 2007

Assis, o carrasco



Benedito de Assis da Silva nasceu em São Paulo, em 12 de novembro de 1952. Escorpiano, signo de grandes futebolistas, como Pelé, Garrincha e Maradona. Assis foi criado na Zona Leste da capital paulista, mais precisamente no bairro da Vila Prudente. E foi lá mesmo que começou a jogar futebol de salão – o futsal foi criado bem depois, no Vips Clube. Aos 18 anos resolveu tentar a sorte no futebol de campo, jogando no Juventus, mas não se adaptou bem à mudança de esporte e foi dispensado após apenas dois meses. Foi em seguida para a Portuguesa de Desportos, mas também lá não teve sucesso e Assis não teve alternativa a não ser abandonar o futebol profissional.

Apenas temporariamente, pois Assis nunca desistiu totalmente da bola e, durante cinco anos, trabalhando de dia e estudando à noite, jogava apenas durante os fins de semana, em campos de várzea como amador, ou ganhando um bicho que lhe permitia pagar uma ou outra refeição. Foi quando a vida chamou Assis de volta ao seu destino: um olheiro viu-o jogar em um campo de pelada e convidou-o a fazer um teste no São José. Aprovado no teste, finalmente assinou seu primeiro contrato profissional, aos 22 anos, e mudou-se para São José dos Campos, onde dormia na concentração do clube.

A vida era dura no São José. O salário, que não era alto, tampouco era pontual e Assis resolveu tentar a sorte em outro clube. Após um ano no São José, transferiu-se em 1976 para a Inter de Limeira e, em seguida, para a Francana, onde seu futebol começou a brilhar. A equipe de Franca foi a campeã da segunda divisão e Assis foi um dos destaques e artilheiro da equipe. Em 1979, já na primeira divisão do campeonato paulista, Assis fez um gol pela Francana contra o São Paulo chamando a atenção dos dirigentes são-paulinos, que o contrataram. Assis continuou vencendo, conquistando o bicampeonato paulista em 1980 e 1981.

Ainda em 1981, Assis foi para o Internacional, onde foi novamente campeão e conheceu aquele que viria a ser o seu grande parceiro no futebol e na vida: Washington. Nos treinos, os dois começaram a formar o entrosamento na jogada aérea que tanto os caracterizou. Assis se recorda que ficavam horas treinando cabeçadas. Desenvolveram uma técnica fantástica, eram capazes de enganar o goleiro e mudar a direção da cabeçada em cima da hora, dando um passe de cabeça para o companheiro livre ao invés de cabecear para o gol. Uma jogada simples, mas mortal, que os adversários não conseguiam impedir e os imortalizaria mais tarde, no Fluminense como o Casal 20.

Em 1982 os dois foram para o Atlético Paranaense, trocados pelo lateral Augusto, e lá viveram um grande momento. Foram campeões paranaenses e no ano seguinte levaram o time às semifinais do Campeonato Brasileiro, sendo eliminados pelo Flamengo. Nesta partida, Washington marcou dois gols contra o time carioca e chamou a atenção dos dirigentes tricolores, que foram à Curitiba tentar a sua contratação. O Atlético aceitou vender Washington, mas condicionou o negócio à contratação também de Assis, que já passava dos trinta anos e se aproximava do fim da carreira.

Os tricolores que vibraram com a contratação de Washington mal podiam imaginar que aquele jogador de pernas compridas, de 1,81 metros de altura, que já era considerado velho e que vinha apenas como contrapeso se tornaria um dos maiores jogadores de todos os tempos da história do Fluminense. Os dois viveram no Flu os ápices de suas carreiras, uma dupla infernal de atacantes que confundia as defesas adversárias e foram apelidados de Casal 20. Conquistariam o tricampeonato carioca e o campeonato brasileiro e fariam parte daquele time que foi a verdadeira máquina de jogar futebol e está até hoje gravado na memória de todo tricolor: Paulo Victor, Aldo, Duílio, Ricardo e Branco; Jandir, Delei e Assis; Romerito, Washington e Tato.

Anos mais tarde, Assis confidenciou que ficou muito incomodado com aquela transferência como “contrapeso” do Washington, e jurou para si mesmo que provaria o seu valor no Fluminense. Logo no primeiro turno do campeonato de 1983, Assis foi o melhor jogador, marcando 8 gols, inclusive os dois da final contra o América, mas o gol que o marcaria para sempre foi o da final contra o Flamengo, aos 45 minutos do segundo tempo, aproveitando uma bobeada da defesa rubro-negra.

No ano seguinte, Assis confirmaria o apelido de "carrasco" ajudando o Fluminense a conquistar o bicampeonato, derrotando novamente o Flamengo na final, com um gol de cabeça após o cruzamento de Aldo aos 30 minutos do segundo tempo. O goleiro argentino Ubaldo Fillol, que antes do jogo contara vantagem, nem mesmo pulou para sair na fotografia. 1984 foi mesmo o grande ano da carreira de Assis, quando conquistou também o campeonato brasileiro pelo Fluminense e por suas atuações magistrais foi convocado para a seleção brasileira pela primeira vez, aos 32 anos de idade, pelo técnico Edu.

Em 1985, Assis conquistou o tricampeonato carioca pelo Fluminense e o seu hexacampeonato estadual particular (80-81 pelo São Paulo, 82 pelo Atlético-PR, 83-84-85 pelo Fluminense). Jogou no Fluminense até 1987 e é até hoje lembrado com saudade pelos torcedores tricolores. Atualmente mora em Volta Redonda onde trabalha com Delei na Secretaria de Esportes.


23 fevereiro 2007

O Fla-Flu da Lagoa

Mário Filho

Se me perguntarem qual é o match que gosto mais, digo logo Fla-Flu. Aliás ninguém me pergunta, todo mundo já sabe. Não faço segredo disso. O que me podem perguntar é dos matches que eu gosto, qual foi o que gostei mais. Então respondo que foi o Fla-Flu da Lagoa. Respondo logo, quase sem pensar. Feita a pergunta, a lembrança que me vem é do Fla-Flu da Lagoa. E acho que quem me fizesse tal pergunta haveria, por certo, de esperar justamente essa resposta, se viu o Fla-Flu da Lagoa ou ouviu falar nele. E o curioso é que desse match a gente recorda apenas seis minutos. Os gols todos já estavam feitos dois a dois. Pois foi como se o Fla-Flu começasse ali e durasse apenas seis minutos, que não foram seis, que duraram a eternidade. Se quiserem saber como fizeram os gols, não sei de nada. Sei, sim, o que se passou depois. Parece que ainda vejo o campo do Flamengo arrebentando de gente. Decidia-se o campeonato de 41. O campeonato que se resumiu num match, o match se resumiu em seis minutos.

Quando o Flamengo marcou o segundo gol, antes mesmo que o garoto do placar colocasse o dois ao lado do nome Flamengo, a gente olhou para o relógio: faltavam seis minutos. Começou uma voz gritando faltam seis minutos e aí o Flamengo foi para cima do Fluminense. Para o Fluminense bastava o empate, para o Flamengo era preciso a vitória. O Flamengo atacava, o Fluminense jogava a bola na Lagoa. Não se tratava do recurso da bola fora. Bola fora não adiantava ao Fluminense. Noutro campo, a história desse Fla-Flu seria diferente. Bola fora volta logo, na Lagoa demorava. E o Flamengo jogou nágua guarnições inteiras de remo para apanhar a bola na Lagoa. Parecia que essas guarnições disputavam um campeonato de remo. Apanhavam a bola, mandavam-na de novo para o campo e ficavam nágua, os remos suspensos, os músculos retesados, prontos para quarenta remadas por minuto. Que outra bola havia de vir, e rápida. Enquanto o Fluminense pudesse jogar bolas na Lagoa não faria outra coisa.

Era ainda no tempo do cronometrista. O juiz não mandava no tempo, quem mandava era o cronometrista. E lá estava o cronometrista. A bola caía na Lagoa. O cronometrista travava o cronômetro. E o tempo parava. O Flamengo queria que o conômetro parasse, o Fluminense queria que corresse. Eram duas concepções de tempo que se chocavam, irreconciliáveis. Não é possível, o cronômetro não anda. E andava, bem que andava. Para o Flamengo corria. A angústia fazia com que para o Fluminense o tempo parasse; e corresse, desembestado, para o Flamengo. Nem o Fluminense compreendia que ele custasse tanto a passar nem o Flamengo que ele corresse tanto. Então foi um homem do Fluminense para junto do cronometrista, acompanhado logo por outro do Flamengo. E o cronômetro parava e o cronômetro andava. Com um pouco a gente olhava para o relógio e não entendia mais nada.

Só se sabia de uma coisa: que quando o Flamengo empatou faltavam seis minutos. E agora? Agora ninguém sabia. O Flamengo mandava buscar todas as bolas que tinha. Eram bolas de treino, pesadas, duras enchidas a pressa, estourando de ar. Caía uma bola na Lagoa e as bolas do Flamengo eram chutadas para campo. Lembro-me que Batatais, uma vez, fez cera escolhendo uma entre as muitas bolas do Flamengo. Apertava uma, não servia, batia com outra no chão, não servia. E lá vinha o Flamengo para cima do juíz que era Juca da Praia. Seu Juca, olha a cera. Na mesa do cronômetrista o homem do Fluminense exigia aos berros que o cronômetro andasse. Finalmente Batatais escolhia uma bola, ajeitava para Renganeshi, Renganeschi enchia o pé, bola na Lagoa.

Era o que ia dar o nome àquele Fla-Flu. Primeiro se disse que fora o Fla-Flu de bola na Lagoa. Depois se sintetizou: Fla-Flu da Lagoa. E dito Fla-Flu e dita Lagoa, já se sabia de que Fla-Flu se tratava. E nem todos os seis minutos foram de boIa na Lagoa. O Fluminense acabou percebendo que quanto mais bola jogasse na Lagoa, mais o jogo se demorava em acabar. Aqueles seis minutos poderiam durar horas e então ninguém, nem do Fluminense, nem do Flamengo, aguentaria. Para se ter uma idéia: Mário Polo não aguentou. Saiu, para a porta do Hospital Miguel Couto, bem à mão, pois fica quase junto ao Flamengo. E os enfermeiros e até médicos se aglomeraram em torno de Mário Polo. Se o Flamengo marcasse um gol, Mário Polo poderia cair. Ter um troço. E ali estava a equipe do Miguel Couto pronta para socorrê-lo.

Do Miguel Couto, Mário Polo não via nada. Mas com a experiência de quem quase que vira o futebol nascer por aqui ele podia distinguir, separar os gritos da torcida do Fluminense dos da torcida do Flamengo. Se houvesse um gol ele saberia logo. É verdade que tendo fugido de medo, ele poderia na hora confundir os gritos. Mas ele não queria, não pretendia outro gol do Fluminense. Para ele quem atacava era o Flamengo, era mesmo, inteiro, desesperado, em busca do gol do campeonato. O Fluminense se contentava com o dois à dois, não queria mais, que lhe bastava e sobrava e enriquecia o empate, que era título. O que ele ansiava por ouvir era o último apito do juiz, que não poderia ouvir do Miguel Couto. Mas poderia ver a multidão saíndo aos borbotões da Gávea. Só aí conheceria o repouso, a paz de espírito, se não explodisse, de repente, um grito que seria um urro, do Flamengo.

Já não havia mais bola na Lagoa. Agora o Fluminense recorria a outras ceras. Carreiro chegou a ficar nu da cintura para cima. Rasgou a camisa, despiu-a, para pedir um penalti a Juca. Enquanto reclamasse o penalti o tempo estaria passando, inflexível. Mas Juca, metido a calmo, de andar de malandro, já não agüentava mais nada. Foi logo ameaçando botar Carreiro para fora de campo, que botou depois. E que Carreiro inventou logo a seguir outra cera, a cera dos dez passos. Vocês sabem: há um foul, o juiz apita, se é perto da área e mesmo longe, dependendo de quem vai bate-lo, o time punido faz a barreira, o juiz conta dez passos, mas quem fez o tal foul foi Carreiro e no meio do campo, a cinqüenta metros do gol de Batatais. Juca apitou, Carreiro ficou junto da bola, Juca mandou ele sair, ele pediu a Juca para contar os dez passos.

Imaginem só, um juiz contar dez passos a cinqüenta metros do gol. Juca foi logo apontando para fora do campo. Mas Carreiro espetou as mãos no peito, perguntando se era com ele. Era. Mas por que seu Juca, que fiz eu? Você ainda me pergunta por quê? Fora. Eu não fiz nada, seu Juca. Fora! Fora! Fora! E Juca nem parecia o Juca. A impressão que a gente tinha era de que o Jura virasse Mário Vianna, que às vezes virava quando não tinha outro remédio. E os jogadores do Fluminense correram para Juca. Seu Juca, que é que ele fez? E Juca esbravejando só apontava para fora de campo. Junto ao cronometrista, o homem do Flamengo mandava parar o cronômetro, o homem do Fluminense mandava o cronômetro andar. E Carreiro no meio do campo continuava a perguntar o que é que ele tinha feito, se ele não fizera nada, absolutamente nada.

Carreiro teve que ir embora depois de esgotar todos os recursos de cera de que dispunha, e que eram muitos. Saindo Carreiro não adiantando mais a bola na Lagoa, como é que se ia arranjar o Fluminense com o Flamengo em cima dele, quase não o deixando respirar. Até Domingos da Guia, que não era dado a esses rasgos, fora para o ataque. E quanto faltava, sim, quanto faltava para acabar o jogo? Eis o que ninguém sabia, exceto o cronometrista e o homem do Fluminense e o homem do Flamengo ao lado dele. Além disso, nem adiantava de nada saber. Sabia-se antes que faltavam seis minutos e parecia que já tinham passado horas. Já escurecia na Gávea. Aquele Fla-Flu podia acabar de noite, não se vendo mais nada. Podia nem acabar.

E então Romeu Pelliciari, o careca que jogava de gorro na cabeça foi para o vai mais não vai. Pegava a bola fingia que ia não ia acabava indo e não a largava, prendendo-a, aminhando, correndo com ela dando voltas, alongando caminhos, avaçando, recuando, tombando pela direita, descambando para a esquerda. Não o preocupava outra coisa senão gastar o tempo e realmente a bola nos pés de Romeu fazia o tempo andar. E ele não precisava correr. O importante era ter a bola nos pés, dominada dócil, escondê-la, prendê-la. E Romeu Pelliciari fugia dos jogadores do Flamengo, evitava-os, fazia circunlóquios com a bola. A princípio não parecia cera. O Fluminense atacava. E Romeu Pelliciari nem de longe pretendia ser forward. Era como se ele jogasse sozinho. Não dava bola a ninguém. A bola era dele, só dele.

Quando o Flamengo percebeu que Romeu Pelliciari estava somente fazendo cera, - houve uma vez que ele chegou até a linha de fundo e não centrou a bola, apenas voltou para recomeçar tudo de novo - cercou-o, atacou-o, procurou tomar-lhe a bola de qualquer maneira. Mas o tempo andava e, de repente, sem que ninguém mais esperasse, o cronometrista apitou e Juca abriu os braços e os levantou e fez assim, Cruzando-os no ar. Era o fim. Ainda me lembro de um gemido que ouvi, de quem dá o último suspiro, olhei e vi uma senhora, já idosa, que escorregava da cadeira, já desanimada. Aquele gemido, aquele desmaio tanto podia ser de alguém do Fluminense como de alguém do Flamengo. E sendo assim eram o próprio Fla-Flu.

21 fevereiro 2007

A volta de Joel Santana

Após o vexame que foi a participação tricolor na Taça Guanabara, quando todas as condições foram dadas para PC Gusmão armar a equipe, inclusive com pré-temporada de 23 dias na concentração da Seleção Brasileira – a Granja Comary, em Teresópolis, ficou claro para a diretoria tricolor que não é possível mais insistir com PC. Enfim, chegaram finalmente à mesma conclusão que a torcida já sabia de antemão: esse PC Gusmão é um enganador, não sabe nada de futebol.

Nas últimas duas semanas o Fluminense saiu à cata de um técnico. Tarefa difícil, pois não há muitos técnicos bons disponíveis no mercado. E além disso é preciso que encontremos um que se submeta a trabalhar no ambiente de total ebulição política que é o Fluminense hoje em dia, onde o presidente Roberto Horcades é um fraco que perde a sua base de apoio internamente e, externamente alia-se ao presidente do Vasco, Eurico Miranda. O que o Fluminense tem a ganhar com essa aliança é um mistério que desconhecemos.

Não é a primeira vez que o Fluminense enfrenta dificuldades para contratar um treinador. No passado, Vanderley Luxemburgo e Leão já recusaram propostas financeiramente muito boas. Dessa vez o foco caiu sobre Tite e Renato Gaúcho. Duas semanas de conversas, especulações e negociações depois, nenhum dos dois veio, mas Renato aproveitou-se do interesse tricolor para conseguir um reajuste de 50% no Vasco. Não podemos nos queixar, o saldo foi positivo. Renato foi um grande jogador, mas é um técnico apenas razoável. É justo que ele receba um aumento, e mais justo ainda que o Vasco pague por isso. Também foi muito bom que o Eurico tenha se irritado com o assédio tricolor sobre seu treinador, mas foi uma pena que não tenha rompido relações com o Horcades.

Além disso, descobrimos que Vinicius Eutrópio também tem qualidades para ser um bom treinador, mas não repetimos o erro do ano passado com Josué Teixeira efetivando-o precipitadamente. Em vez disso, foi promovido a auxiliar técnico do novo técnico que será anunciado oficialmente amanhã: Joel Santana. Não é um nome que me agrade. Qualidades ele tem, sabe armar uma equipe de futebol, é malandro e entende do assunto. É um técnico vencedor e gosta de ganhar títulos. Foi mal na sua última passagem pelo clube em 2003, mas não podemos culpá-lo. Aquele time era muito ruim. O problema do Joel é que perdemos a confiança nele depois daquele episódio em que o Fluminense foi derrotado pelo Santos, pelo campeonato brasileiro de 1995 e, no dia seguinte, dava entrevistas embriagado pedindo demissão para ir treinar o Flamengo. No ano seguinte, ainda no Flamengo, botou o time reserva em campo contra o Bahia. O Flamengo perdeu o jogo e o Fluminense foi rebaixado à segunda divisão. É claro que o Fluminense não foi rebaixado apenas por causa desse jogo, mas o torcedor nunca o perdoará pelo que fez. O Joel vai enfrentar muita resistência no Fluminense por causa de seu passado.

Dentro das circunstâncias, é o melhor que podemos encontrar. Bem melhor que Renato Gaúcho, mas inferior a Tite. E muito abaixo de quem deveria estar treinando o Flu: Abel Braga, que nunca deveria ter ido embora.