04 novembro 2007

A evolução de Renato Gaúcho

O campeonato brasileiro de 2007 tem se pautado pelo equilíbrio entre os clubes. Não é à toa que o São Paulo, que sagrou-se bicampeão na última quarta-feira, após vencer o América de Natal por 3 a 0, no Morumbi, vem sendo criticado por não apresentar um time com “cara de campeão”. É um exagero da crítica. O time do São Paulo está longe de poder se considerado um timinho, assim como os timinhos campeões do Fluminense, em 1951 e 1980, apenas para citar dois deles, também não o eram. A verdade é que em um campeonato tão equilibrado, por pontos corridos, a regularidade, a organização e a estrutura fazem diferença. A mesma diferença que fez com que o tricolor nunca ficasse muitos anos sem vencer um campeonato agora trabalha a favor do tricolor paulista.

O Fluminense, que venceu ontem o Náutico, por 2 a 1, no Maracanã, poderia ter feito uma campanha melhor, não fosse o número excessivo de empates ao longo das rodadas. A três rodadas do final do campeonato, o Fluminense é o recordista de empates – treze ao todo. No ano passado, dirigindo o Vasco, Renato Gaúcho já havia feito desempenho semelhante. Bem, se Renato pretende um dia tornar-se um técnico de ponta do futebol brasileiro, há que rever seus conceitos. O empate não leva a lugar nenhum em um campeonato de pontos corridos.

Mas Renato Gaúcho tem mesmo evoluído ao longo da temporada. De grande motivador, recuperando a auto-estima tricolor e arrancando para a conquista da Copa do Brasil, encarou o campeonato brasileiro já classificado para a Libertadores. Uma tarefa difícil, manter a motivação da equipe em um campeonato em que luta por apenas dois objetivos: não ser rebaixado, ou ser campeão. Renato não só manteve a equipe motivada, deixando-a a três rodadas para o final do campeonato em uma posição que deixaria o time na briga pela vaga na Libertadores, se fosse esse o caso, como também mostrou alguma sabedoria na hora de mudar o esquema tático da equipe. Isso me surpreendeu, embora tenha demorado um pouco para promover as mudanças e essa demora pode ter custado o título.

Começou o campeonato insistindo no 3-5-2 que não apresentava resultados positivos em campo. Quando as circunstâncias o forçavam a voltar para o 4-4-2, a equipe vencia, mas Renato demorou para perceber isso. Insistia em manter o time jogando no 3-5-2. E tome derrota e empate... Quando finalmente percebeu, sacou do time o zagueiro errado, Roger, que nunca poderia ter deixado de ser titular. Mesmo assim, com Luiz Alberto, o time engrenou e viveu seu melhor momento no campeonato com o entendimento entre Thiago Neves, Somália e Alex Dias. Mas não durou muito tempo, Somália rompeu os ligamentos do joelho, Thiago Neves foi afastado pela comissão técnica para forçar a renovação do contrato e Alex Dias simplesmente apagou.

Após a renovação de contrato de Thiago Neves, uma boa vitória no Fla-Flu, mas o time voltou a jogar mal. E aí está a evolução de Renato, que teve a percepção da necessidade da mudança de esquema novamente. Barrou Alex Dias, implantou um 3-6-1 em Florianópolis e acabou voltando ao 3-5-2 que inicialmente tentara implantar. Roger voltou ao time em grande fase e criou as condições para o futebol de Gabriel começar a aparecer. Contratado no meio do campeonato como o primeiro reforço para 2008, Gabriel vinha tendo atuações bem abaixo do que a torcida estava acostumada e ver, em 2005. Perdeu até pênalti, coisa que nunca havia acontecido antes. É que Gabriel é verdadeiramente um ala, e só pode render o seu potencial no 3-5-2.

Ontem, no Maracanã, Gabriel marcou os dois gols da vitória tricolor sobre o Náutico. Ambos após receber passes de Arouca, com quem jogou junto em 2005. A equipe voltou a ter boa atuação e compromisso com a vitória, que é o que a torcida quer ver sempre. O jogo teria terminado em 2 a 0, não fosse o péssimo árbitro Sérgio da Silva Carvalho ter inventado um pênalti a favor do Náutico no final do jogo. Um pênalti absurdo e covarde, que árbitro nenhum teria coragem de marcar, por exemplo, contra o São Paulo, campeão brasileiro. A imprensa toda cairia de pau. Como foi marcado em um jogo inexpressivo, sem grandes apelos, caiu no esquecimento e o roubo nem sequer chegou a ser noticiado pela imprensa.



Maurício, o volante tricolor

FLUMINENSE 2 X 1 NÁUTICO
Estádio: Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Data/hora: 3/11/2007 - 18h10 (de Brasília)


Árbitro: Sérgio da Silva Carvalho (DF)
Auxiliares: Rogério Rolim (PR) e Katiúscia Mayer de Mendonça (ES)


Renda/público: R$ 146.185,00 / 13.997 pagantes / 17.814 presentes


Cartões amarelos: Thiago Silva, Roger, Junior Cesar (FLU); Onildo, Marcelo Silva, Sidny, Marcelinho, Radamés (NAU)


GOLS: Gabriel, 43'/1ºT (1-0); Gabriel, 37'/2ºT (2-0); Acosta, 40'/2ºT (2-1).


FLUMINENSE: Fernando Henrique, Thiago Silva, Luiz Alberto e Roger; Gabriel, Maurício, Arouca, Thiago Neves (Cícero, 28'/2ºT) e Junior Cesar; Adriano Magrão (Tartá, 40'/2ºT) e Soares (Léo, 19'/2ºT). Técnico: Renato Gaúcho.


NÁUTICO: Fabiano, Toninho, Everaldo e Onildo; Sidny (Dejair, 29'/2ºT), Radamés, Marcelo Silva (Hélton, 42'/2ºT), Geraldo e Júlio César (Serginho Baiano, 23'/2ºT); Marcelinho e Acosta. Técnico: Roberto Fernandes.

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