30 janeiro 2007

As opções do Branco

A profissão mais fácil do mundo é comentarista de futebol. Os caras falam cada bobagem, repetem meia dúzia de chavões que estão na moda, puxam o saco de quem está por cima, chutam cachorro morto, mudam de opinião como quem troca de roupa, e se acham sempre com a razão. A moda agora é dizer que é um erro trocar de técnico. Desde domingo, ouvi meia dúzia de comentaristas criticar a possibilidade de demissão do PC Gusmão, afirmando que assim o Fluminense estaria repetindo os erros de 2006, quando teve seis técnicos em toda a temporada.

Seis técnicos onde? Em 2006 não tivemos nenhum técnico! Aliás, não temos técnico desde 2005 quando amadoristicamente deixamos o Abel Braga ir embora. Ou pelo menos não tivemos nenhum técnico compatível com o investimento que o Fluminense vem fazendo. Nenhum técnico capaz de extrair um bom futebol dos jogadores que contratamos. Nenhum técnico capaz de dar padrão de jogo ao time. Os comentaristas sustentam que o time não tem padrão de jogo por que não dão tempo suficiente aos técnicos de mostrar o seu trabalho. Pode ser, mas quanto tempo teríamos que esperar para ver algum padrão de jogo nos times de Ivo Wortmann, Paulo Campos, Josué Teixeira, Oswaldo de Oliveira, Antônio Lopes e PC Gusmão? Considerando que esses técnicos conseguiram, no máximo uma ou duas vezes em suas carreiras alcançar tal feito, o Fluminense teria que esperar anos, talvez décadas, até que montem um time com um mínimo de organização tática. Até lá o aquecimento global já derreteu as calotas polares e alagou o Rio de Janeiro...

Não estou defendendo a demissão sumária do PC Gusmão. Há que se considerar quais as opções para substituí-lo. Infelizmente os técnicos de ponta já estão empregados e muitos deles, como o Vanderley Luxemburgo, mais de uma vez foram convidados a treinar o Flu, e se recusaram. Então já que não podemos contratar um Luxemburgo, um Autuori, um Muricy, um Parreira, ou mesmo repatriar o Abel, quais são as nossas opções? Bem, se for para contratar técnicos medianos e medíocres como o PC Gusmão, neste caso eu concordaria com os comentaristas que talvez fosse melhor mantê-lo no comando do time, pelo menos enquanto não há um nome disponível no mercado.

O problema de manter o PC Gusmão no comando é que ele provavelmente não conseguirá montar o time. Por enquanto ainda não temos um time. Temos os jogadores, mas ainda não temos o time. Eu sinceramente estou começando a duvidar que o PC Gusmão será capaz de montar o time, seja em um mês, ou em um ano. No ano passado ele teve todas as condições de fazê-lo no Cruzeiro, um dos clubes mais bem estruturados do país, e não conseguiu. Foi um fiasco no campeonato brasileiro. Eu já lançava esta dúvida aqui, antes mesmo do início do campeonato. O que antes era uma dúvida, agora já está quase se transformando em certeza.

Eu penso que o Branco está diante de três opções. A primeira seria deixar tudo como está, acreditando no trabalho do PC. A segunda seria demiti-lo. A terceira seria mantê-lo, provisoriamente, até que um técnico de ponta (e que aceite vir treinar o Fluminense) esteja disponível no mercado. Na minha opinião, a primeira opção é a pior. Quanto mais tempo insistirmos acreditando no PC, mais tempo perderemos. A classificação para as finais da Taça Guanabara ficou difícil. Com mais um tropeço se tornará impossível, e o prejuízo será imenso, tanto financeiro quanto emocional. Provavelmente o PC Gusmão será demitido neste caso. Novo técnico será contratado às pressas e tudo recomeçará...

Demiti-lo agora é uma incógnita. Quem virá para o seu lugar? É sempre bom fazer esta pergunta antes de pedir a cabeça do técnico, pois não podemos excluir a possibilidade de piorar o que já está ruim! Foi isso o que fizemos no ano passado, e o resultado foi uma catástrofe. Só podemos demiti-lo se contratarmos um técnico capaz de fazer um trabalho melhor que o PC. Além dos nomes que eu já citei aqui (Luxemburgo, Abel, Muricy, Parreira e Autuori), eu incluiria o Cuca e o Nei Franco, que estão fazendo um bom trabalho, mas também estão firmes em seus respectivos empregos. Leão é um nome de ponta, mas sua personalidade polêmica e conturbada traria mais problemas do que benefícios ao Fluminense.

A terceira opção seria manter o PC até que o Fluminense possa contar um técnico melhor. Mas para que isso aconteça, é preciso que o Branco faça uma intervenção no comando técnico. Não é possível que o PC continue escalando mal o time. Não é possível que fique à beira do campo decidindo sozinho as substituições, por que já sabemos que não é capaz de enxergar o que está acontecendo em campo, e vai meter os pés pelas mãos de novo. O Abel, que é um técnico muito melhor que o PC, contava com o Leomir vendo o jogo das arquibancadas e recebia dele, pelo rádio, a leitura do que estava acontecendo em campo. Eram duas pessoas decidindo o que fazer. Duas cabeças pensam melhor do que uma; já dizia o ditado. Se vamos continuar com o PC por enquanto, é preciso que o Branco limite seus poderes e encontre alguém, senão ele próprio, para dividir a responsabilidade com o PC.

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