Sábado passado, na terceira rodada do campeonato carioca, o Fluminense voltou a jogar mal e não passou de um empate contra o fraco time do Macaé. O time já tinha jogado mal na estréia contra o Cardoso Moreira, mas arrancara uma vitória no segundo tempo, em um lance de categoria de Thiago Neves. Na segunda rodada, contra o Duque de Caxias, o susto foi ainda maior: chegou a estar perdendo por 2 a 0 e virou o jogo no segundo tempo, na base do coração, liderados pelo excelente zagueiro Thiago Silva.
O esforço para virar o jogo contra o Caxias parece ter feito efeito no jogo de sábado. O Flu fez 1 a 0 num belo gol de Thiago Neves, mas perdia o domínio do meio-campo e as laterais eram duas avenidas, bem servidas pelos atacantes macaenses. Tomou dois gols e foi para o vestiário no intervalo novamente perdendo o jogo. No segundo tempo, nem sombra da pressão exercida contra o Caxias. Os três atacantes que compõem o chamado “Trio de Ouro” batiam cabeça dentro da área e não caíam pelas pontas. Gabriel e Gustavo Nery tampouco subiam para ocupar este espaço, preocupados com a defesa. Nossa única jogada de perigo resumia-se aos cruzamentos de bola parada cobrados por Thiago Neves. Em um deles, Cícero, que acabara de entrar, empatou de cabeça. Em outro, Washington sofreu um dos dois pênaltis não marcados pelo péssimo e obeso árbitro Ubiraci Damásio.
Nosso técnico Renato Gaúcho preferiu ser comedido ao falar da arbitragem, para evitar nova punição. Preferiu culpar novamente os jogadores, que não estariam entrando em campo com a disposição necessária e estariam com “peninha dos adversários”.
Confesso que acompanho futebol há muitos anos e nunca vi uma análise tão equivocada de um treinador sobre uma partida. Os comentaristas de futebol são unânimes em concordar que o time não tem condições de jogar no 4-3-3. Não pelo esquema em si, pois há times que conseguem ser competitivos jogando nesse esquema, mas em todos os casos há dois atacantes que caem pelas pontas e pelo menos um deles volta para compor o meio campo. Foi assim no Botafogo do ano passado, com Jorge Henrique, Dodô e Zé Roberto. Jorge Henrique era uma formiguinha que além de atacar pelas pontas, voltava para marcar e era visto até dando carrinho na zaga. O mesmo com o Barcelona de Ronaldinho Gaúcho, Eto’o e Messi e por aí vai.
Exemplos de times que fracassaram com um esquema exageradamente ofensivo não faltam. Lembram-se do “melhor ataque do mundo” com Sávio, Romário e Edmundo? Pois foi um fracasso tão sensacional quanto o “quadrado mágico” de Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Adriano e Ronaldo Fenômeno. Isso sem falar na seleção de 1982, com Falcão, Sócrates, Cerezo e Zico. Foi um time que encantou a todos, mas tinha o defeito de não jogar pela ponta-direita e também fracassou.
Aqui entre nós tricolores houve o episódio recente do “quarteto fantástico” formado por Ramon, Roger, Romário e Edmundo. Comandados por Espinoza, fracassaram redondamente no campeonato carioca de 2004.
Exemplos não faltam e todos parecem convergir para a conclusão lógica: Há gente demais na frente, há pouca gente atrás. Não bastassem os três atacantes, ainda contamos com um meia ofensivo como Thiago Neves. E com dois laterais que são mais alas que laterais. Gabriel e Gustavo Nery não são bons marcadores e não rendem o esperado quando jogam no 4-4-2. Com tudo isso computado e analizado, vemos que a solução é bem simples: a saída de um atacante e a entrada de Roger na zaga. Implanta-se o 3-5-2 e damos liberdade para a subida dos alas. Se Renato Gaúcho deseja um time ofensivo, vai obtê-lo com este esquema. Com as subidas de Gabriel e Gustavo Nery ou Júnior César teremos por vezes 5 jogadores no ataque. E sem prejuízo para a defesa. Com três zagueiros e dois volantes, o gol tricolor estará mais do que protegido.
FLUMINENSE 2 X 2 MACAÉ
Estádio: Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)
Data/hora: 26/1/2005 - 20h30min (de Brasília)
Árbitro: Ubiraci Damasio de Oliveira (RJ)
Auxiliares: Vilmar Raul (RJ) e Fernanda Lisboa da Silva (RJ)
Renda/público: R$ 176.958,00 / 13.643 pagantes
Cartões amarelos: Gabriel (FLU)
GOLS: Thiago Neves, 21'/1ºT (1-0); Steve, 26'/1ºT (1-1); Jones, 41'/1ºT (1-2); Cícero, 17'/2ºT (2-2)
FLUMINENSE: Diego, Gabriel (Cícero, 16'/2ºT), Thiago Silva, Luiz Alberto e Gustavo Nery (Junior Cesar, 18'/2ºT); Ygor, Arouca e Thiago Neves; Washington, Dodô e Leandro Amaral. Técnico: Renato Gaúcho.
MACAÉ: Cássio; Mário César (Andrezinho, 25'/2ºT), André, Souza e Bill (Geraldo, 34'/2ºT); Marcinho, André Gomes, Steve e Wallacer; Bruno Mezenga (Zada, 11'/2ºT) e Jones. Técnico: Tita.
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