Como já está se tornando uma tradição, as especulações sobre as contratações do Fluminense no início de cada temporada são um misto de euforia e frustração. Em 2004 a torcida ficou eufórica com o “quadrado mágico” de Romário, Edmundo, Ramon e Roger Playboy. Euforia que se transformou em frustração quando o time entrou em campo.
Este ano a euforia começou bem antes, com a classificação para a Libertadores. Na festa da torcida no estádio das Laranjeiras, Celso Barros discursou como político, prometendo que os cofres da UNIMED, se já estavam abertos para o Fluminense, a partir de então estarão escancarados. A imaginação dos torcedores voou longe e uma nova máquina começou a se formar, pelo menos no imaginário do torcedor.
Em dezembro, as notícias eram as melhores possíveis, com as contratações do goleiro Felipe, do Corinthians, do lateral esquerdo Léo, campeão brasileiro pelo Santos em 2002, uma formiguinha incansável que é o sonho de consumo de todo torcedor para a lateral de seu time e do atacante colombiano Falcao Garcia, do River Plate, que eliminou o Botafogo da Copa Sulamericana em 2007 com seus gols no Monumental de Nuñez. Além desses três, era dado como certa a contratação do volante Fabinho, do Toulouse.
Nenhuma dessas contratações se concretizou e o saldo foi frustrante. Diferentemente de 2004, neste ano a frustração começou antes mesmo do time entrar em campo. No lugar de Fabinho, veio o volante Ygor, que jogara no Vasco no ano passado e indicado por Renato Gaúcho, que o treinara. Uma indicação de Renato não é garantia de uma boa contratação, haja vista o fiasco que foi a participação de Jean no Fluminense em 2007. Renato é um técnico ainda em formação, inexperiente e que fala mais do que deveria. Pensa que sua experiência como técnico do Vasco o credencia para trazer seus comandados. Com Jean não deu certo. Apesar de toda a imprensa e toda a torcida saber que Jean é um atacante fraquíssimo, com deficiências nos fundamentos, Renato Gaúcho acreditou saber mais que tudo e que todos, confundindo a confiança que tinha no seu comandado com qualidades que o jogador na verdade não tinha. Uma coisa é jogar no Vasco da Gama, um clube em crise política que vive da camisa e aposta em jogadores no ostracismo. Outra coisa é jogar no Fluminense e disputar títulos. Não acredito, portanto, em mais essa indicação de Renato. Ygor é apenas mais um desses volantes botinudos que surgiu no futebol brasileiro nos últimos anos. Tomara que eu esteja errado, mas infelizmente Ygor já chega carregando o peso de ter vindo no lugar de Fabinho do Toulouse, este sim um jogador que viria para somar.
O mesmo acontece com o lateral Gustavo Nery. Adoçaram a boca da torcida com Léo e quem acabou vindo foi o jogador que nos últimos anos se caracterizou pelo chinelinho que calçou no Corinthians. Sabemos que Gustavo Nery já jogou futebol um dia, no São Paulo, e na Seleção Brasileira, mas qual Gustavo Nery estamos contratando? O do São Paulo ou o do Corinthians?
A maior frustração, sem dúvida alguma, é a permanência do marrento e inseguro goleiro Fernando Henrique. Não conseguimos arrancar Felipe do Corinthians, nem tampouco Carini ou Castillo, que acabou sendo contratado pelo Botafogo. Este clube sabe a falta que um goleiro de qualidade faz à uma equipe. Em 2007 perderam pelo menos dois títulos por causa disso e parece que tomaram juízo. Nas Laranjeiras, reina a esquizofrenia com relação a Fernando Henrique. Alguns, como Renato Gaúcho, gostam dele. Outros, como Celso Barros, sabem que ele não é confiável. O resultado é que Fernando Henrique só ficou sabendo que vai jogar a temporada atual no Fluminense há poucos dias, quando a diretoria anunciou que desistiu de contratar um novo goleiro. Na minha opinião isso só fez piorar sua situação no clube, pois aumentou a sua insegurança e a pressão que vai receber da torcida. Quando sofrer o primeiro gol num chute de longe, lá virão as vaias da torcida que nunca o abandonaram, desde que foi levado ao time titular pela habilidade de seu empresário. Esperamos que este gol não aconteça na Libertadores e que o Fluminense não seja eliminado em mais uma falha de Fernando Henrique. Se isso acontecer, a culpa não será apenas do goleiro, mas também do técnico Renato Gaúcho, que o prestigiou. Renato poderia ter aproveitado as últimas partidas em 2007 para escalar e recuperar Diego, um goleiro com experiência de já ter jogado uma Libertadores, mas preferiu insistir em Fernando Henrique.
Para o lugar de Falcao Garcia não veio ninguém. O saldo, para o Fluminense, foi péssimo, pois anunciou o jogador que não veio e ainda teve de engolir calado uma declaração do dirigente do River Plate de que o Fluminense é um clube de amadores que não sabem negociar. Quando é que os dirigentes do Fluminense vão aprender a anunciar os jogadores somente depois do contrato assinado?
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