A primeira imagem do técnico motivador que nos vem à cabeça é a de Renato Gaúcho. Construiu sua "carreira" como treinador em cima dessa mentira. Treinou Madureira, Fluminense e Vasco, conquistou um único título, a Copa do Brasil de 2007, na base da motivação. Seus times não treinam. É comum vê-lo participando dos rachões junto com os jogadores. Na beira do campo, enquanto seus jogadores se matam para compensar a falta de jogadas ensaiadas e entrosamento, ele berra e gesticula para a imprensa imaginar que ele é o responsável pela vitória.
À medida que a ficha vem caindo para o torcedor tricolor, Renato Gaúcho está sendo cobrado cada vez mais. E, cobrado, vem posando de magoado, desmotivado. Ele, que sempre gostou de uma câmera de TV, vem fugindo das entrevistas. Ele, que sempre precisou da mídia como um viciado precisa da droga, vem se recolhendo ao silêncio. O raciocínio simplista do torcedor é imediato: De que adianta um motivador desmotivado?
Não é este o caso, na verdade. Em campo, o time do Fluminense vem jogando o mesmo futebol que tem jogado desde o início do ano, um futebol feio, desorganizado e bagunçado, que tem vencido seus jogos na base da bola parada e da sorte. Sem os Thiagos, que estão jogando a Olimpíada, o time desmontou a defesa e perdeu a jogada da bola parada. É um bando em campo. De nada adiantaria a motivação de Renato. Já caiu a ficha para o time, e para boa parte da torcida, que Renato Gaúcho não é e nunca foi técnico. Ninguém pode exercer uma profissão apenas na base da motivação.
Ontem, o Fluminense perdeu novamente no Maracanã. O time voltou a entrar em campo com uma escalação desmiolada: três volantes, dois laterais esquerdos, um atacante. Tomou um gol no primeiro ataque do Internacional. Nilmar foi lançado, Fernando Henrique não saiu do gol e Roger perdeu na corrida. Um gol para mostrar toda a deficiência do nosso poder defensivo.
Renato resolveu mexer no time ainda no primeiro tempo. Tirou João Paulo, um dos dois laterais esquerdos, que até jogava bem para botar em campo Somália. O time piorou. Deveria ter tirado Felipe, o outro garoto que estava em campo e nada produzia. O Inter chegou ao segundo gol ainda no primeiro tempo, e o Flu foi para o intervalo debaixo de vaias. No intervalo, protesto de parte da torcida.
No segundo tempo, o Inter, que não vencia uma partida fora de casa desde novembro de 2007, recuou para segurar o resultado. Foi o suficiente para o Fluminense esboçar um sufoco, mas sem grandes perigos. Fez um gol meio que por sorte e foi só. Quando Renato resolveu mexer no time novamente, tirou dois meias e botou dois atacantes, deixando o time num inacreditável 4-2-4 e selando o destino do jogo. O Flu parou de pressionar e o Inter garantiu o resultado.
Ao final do jogo, o inacreditável: a diretoria do Fluminense chama Renato Gaúcho para uma reunião de emergência no Maracanã, no camarote da UNIMED. Suspense. A torcida tricolor aflita, esperando a qualquer momento a notícia da demissão de Renato. Uma demissão tardia, mas que ainda nos poderá livrar do nosso quarto rebaixamento. Meia hora depois, a frustração: a reunião fora apenas para cobrar motivação do motivador! Como diria Goebbels, uma mentira muitas vezes repetidas torna-se uma verdade.
FICHA TÉCNICA - SÚMULA:
FLUMINENSE 1 X 2 INTERNACIONAL
Estádio: Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)
Data/hora: 02/8/2008 - 18h20 (de Brasília)
Árbitro: José Henrique de Carvalho (SP)
Auxiliares: Ivan Carlos Bohn (PR) e José Carlos Dias Passos (SP)
Renda/público: R$ 129.247,00 / 10.092 pagantes
Cartões amarelos: Fabinho, Conca, Maurício (FLU), Taison, Rosinei, Adriano (INT)
Cartões vermelhos: Maurício
GOLS: Nilmar 5'/1ºT (0-1); Nilmar 27'/1ºT (0-2); Somália, 25'/2ºT (1-2)
FLUMINENSE: Fernando Henrique, Maurício, Luiz Alberto, Roger e Junior Cesar; Fabinho (Alan, 38'/2ºT), Romeu, Felipe (Maicon, 21'/2ºT) e João Paulo (Somália, 35'/1ºT); Conca e Dodô. Técnico: Renato Gaúcho.
INTERNACIONAL: Clemer, Wellington Monteiro, Indio, Sorondo e Marcão; Edinho, Guiñazú, Rosinei (Adriano, 26'/2ºT) e Andrezinho (Magrão, 24'/2ºT); Taison (Ramon, 13'/2ºT) e Nilmar. Técnico: Tite
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