31 maio 2008

Um empate heróico, mas perigoso

Thiago Silva emocionou-se com o gol de empate
O Fluminense arrancou um empate frente ao Boca Juniors, quarta-feira passada em Avellaneda, na primeira partida da semifinal da Libertadores. Um resultado heróico pelo volume de jogo do time argentino, e pelas chances criadas e salvas pelo goleiro Fernando Henrique, o melhor jogador do Fluminense. Após estar duas vezes atrás no placar, o Fluminense foi buscar o empate com um chute de fora da área de Thiago Neves em que o goleiro argentino Migliori falhou escandalosamente, deixando a bola passar por entre suas mãos.


O Fluminense fez um bom primeiro tempo. Com Ygor sentindo a panturrilha, Renato Gaúcho optou por escalar o jovem Maurício no seu lugar. Uma temeridade, dada a pressão que recairia sobre o jovem volante. A aposta de Renato parece ter dado certo no primeiro tempo. O experiente Roger, herói da conquista da Copa do Brasil do ano passado, ficou no banco assistindo o Fluminense equilibrar as ações no meio campo. É verdade que o Boca tinha mais posse de bola, mas o Fluminense encontrava espaços para encaixar o seu contra-ataque.


O grande Riquelme foi marcado por Arouca, que não conseguiu dar conta do recado. Mesmo marcado, Riquelme jogava solto, invertendo o jogo, cortando a zaga tricolor em direção ao gol e marcando o primeiro gol da partida, numa bela jogada em que, com apenas três passes de primeira, o Boca desarmou todo o esquema defensivo do Fluminense, que assistiu ao lance sem esboçar reação.


Exatamente como aconteceu nas quartas de finais contra o São Paulo, o Fluminense empatou logo em seguida, com Thiago Silva completando de cabeça após a cobrança de falta de Thiago Neves. No último minuto do primeiro tempo, o Fluminense poderia ter virado o jogo: Thiago Neves deixou Júnior César em condições de escolher entre chutar ao gol ou cruzar para Washington na pequena área, mas o lateral esquerdo acabou chutando mal e o Fluminense desperdiçou a sua chance de ir para o vestiário em vantagem.


No segundo tempo, o Boca partiu para cima do Flu. A pressão foi quase insuportável. O tricolor se limitava a concentrar seus jogadores dentro da área e aliviar a pressão com chutões para a frente. Fernando Henrique brilhou duas vezes, defendendo duas cabeçadas à queima roupa. O volante Maurício, que tinha feito um bom primeiro tempo, parece que passou a sentir a pressão, errando passes seguidamente e armando contra-ataques para o Boca. Renato subsitituiu-o por Romeu e o Boca foi conseguir o seu segundo gol apenas devido ao erro do fraco árbitro uruguaio Roberto Silvera, que inventou uma falta na entrada da área, perfeita para Riquelme encontrar o ângulo tricolor.


Quando a derrota parecia certa, Thiago Neves pega um rebote da zaga na entrada da área e chuta forte. O goleiro Migliori bobeia e deixa a bola entrar. O Fluminense consegue o empate, tendo marcado dois gols na casa do adversário. Um resultado bom, mas perigoso, pois o Boca parece jogar melhor fora de casa. Contra o Cruzeiro, que perdera por 2 x 1 em Buenos Aires, o Boca jogou sem medo no Mineirão e passou fácil. Nas quartas de finais contra o Atlas, o mesmo resultado de 2 x 2 em Buenos Aires foi largamente comemorado pelo time mexicano que, entretanto, não resistiu a pressão dos bosteiros em sua própria casa e perdeu por 3 a 0.


Esse histórico, e mais todos os títulos internacionais recentemente conquistados pelo time argentino, impedem que apontemos o Fluminense como favorito para chegar às finais da Libertadores. O favorito ainda é o Boca e apenas o trabalho sério, a dedicação, a sorte, a total ausência de oba-oba, a humildade suprema e muita, muita ajuda de João de Deus podem levar o Fluminense a superar o Boca e conquistar o senho de chegar à final da Libertadores.

FICHA TÉCNICA - SÚMULA:
BOCA JUNIORS 2 X 2 FLUMINENSE

Estádio: Juan Domingo Perón, Buenos Aires (ARG)
Data/hora: 28/5/2008 - 21h50min (de Brasília)
Árbitro: Roberto Silvera (URU)
Auxiliares: Mauricio Espinosa (URU) e Robert Muniz (URU)

Cartões amarelos: Chávez, Riquelme, Cáceres (BOC); Junior Cesar, Romeu, Fernando Henrique (FLU)

GOLS: Riquelme, 11'/1ºT (1-0); Thiago Silva, 15'/1ºT (1-1); Riquelme, 19'/2ºT (2-1); Thiago Neves, 31'/2ºT (2-2).

BOCA JUNIORS: Migliore, Maidana (Ibarra, 15'/2ºT), Cáceres, Paletta e Morel Rodríguez; Chávez (Cardoso, 27'/2ºT), Battaglia (Vargas, 30'/2ºT), Dátolo e Riquelme; Palacio e Palermo.
Técnico: Carlos Ischia.

FLUMINENSE: Fernando Henrique, Gabriel, Thiago Silva, Luiz Alberto e Junior Cesar; Maurício (Romeu, 17'/2ºT), Arouca, Cícero, Thiago Neves (Roger, 42'/2ºT), Conca; Washington (Dodô, 33'/2ºT).
Técnico: Renato Gaúcho.

24 maio 2008

Uma classificação abençoada

Washington vibra de emoção com o gol

Quarta-feira passada, o torcedor tricolor viveu um momento mágico, na vitória por 3 a 1 sobre o São Paulo, no Maracanã. Como diria Nelson Rodrigues, os tricolores encheram o estádio. Os vivos saíram de suas casas e os mortos saíram de suas tumbas. A massa tricolor cantou, sofreu, torceu e permaneceu acreditando até o final do jogo. Aos 46 minutos do segundo tempo suas preces foram atendidas e Washington marcou o gol que classificou o Flu para as semifinais da Libertadores.

A mobilização começou bem cedo. A imprensa ajudou, divulgando a idéia de que o Fluminense estaria disputando o jogo mais importante de sua história. Muitos acreditaram. E foram. Eu fui, mesmo não acreditando. Como acreditar que este jogo seria mais importante que a decisão de 1984, que nos deu nosso único título de campeão brasileiro? Como acreditar que seria mais importante que o próximo, a semifinal contra o Boca Juniors? Ora, o time com espírito vencedor considera cada jogo seu o mais importante da história.

É verdade que o Fluminense não vem jogando bem, está mal escalado e muito mal administrado. Domingo passado, pôs os garotos em campo para enfrentar o Náutico e perdemos feio. Nosso treinador preferiu poupar os seus titulares que, entretanto, treinaram normalmente nas Laranjeiras. Vá entender o raciocínio desta anta! Poupar os titulares de um jogo em Recife é compreensível, mas de um jogo em casa?!? Enfim, o Fluminense acabou perdendo 3 preciosos pontos em casa e ainda viu Fernando Henrique adicionar mais um frango à sua vasta coleção.

Todos esses motivos me fizeram cético quanto à classificação sobre o São Paulo na quarta-feira. Mas fui ao jogo, de teimoso que sou. Comecei a acreditar na possibilidade da classificação quando o placar eletrônico anunciou a escalação de Thiago Silva. A torcida contagiou-se de esperança com a volta do monstro da zaga, o melhor zagueiro do Brasil. Será que dá?

O primeiro tempo começou bem. Jancarlos, nosso ex-lateral direito que saiu sem deixar saudades, arrotara na véspera que o caminho da vitória seria explorar a impaciência da nossa torcida. Não, Jancarlos, nossa torcida era impaciente apenas com o teu pobre futebol. Como foi bom te ver do outro lado, deixando uma avenida para o passeio de Júnior César. O ligeirinho chegou uma, duas vezes à linha de fundo, deixando o Jan comendo poeira lá atrás. Se apenas o Júnior César soubesse o que fazer quando chega à linha de fundo! Alguém já falou que o Júnior César é o Cafuringa da lateral-esquerda. Pois é...

Na terceira avançada pela avenida Jancarlos, Júnior César resolveu chutar forte. O zagueiro botou a bola para cima, Rogério Ceni hesitou em sair do gol e Cícero subiu mais alto que a zaga. Cabeceou para trás e serviu a Washington que anteviu o passe e se antecipou à zaga, desviando a bola para o gol, abrindo o placar e encerrando o jejum de 8 partidas sem marcar. Ufa! Igualado o placar de São Paulo, este resultado nos levava para a decisão por pênaltis, praticamente um suicídio, considerando-se que do outro lado estava Rogério Ceni e nós contávamos com Fernando Henrique. O Fluminense precisava marcar mais um gol, pois. Não partimos loucamente para tentar o segundo. Do outro lado estava o São Paulo, muito perigoso. Todos sabíamos que não poderíamos tomar um gol em casa, o que nos obrigaria a marcar mais dois. Quase chegamos lá, ainda no primeiro tempo, com a bola na trave de Conca e a cabeçada de Thiago Neves no rebote. Jogamos melhor que o São Paulo, mas não podemos dizer que jogamos bem. Parecia que alguma coisa estava errada no time. Thiago Neves se desdobrava na marcação a Richarlysson, e não tinha pernas para criar no ataque. Ele e Cícero desperdiçavam nossos contra-ataques. Conca, mais inteligente com a bola nos pés, ditava o ritmo do nosso ataque.

No início do segundo tempo, Renato Gaúcho trocou Arouca por Dodô, recuando Cícero para a cabeça da área. O São Paulo trocou Dagoberto por Aloísio Chulapa e Jancarlos por Joílson, fechando a avenida. O jogo equilibrou. Nosso meio campo não fazia mais frente ao do São Paulo e eles criaram uma, duas, três chances de gol. Até que saiu o lance de gol, numa jogada de Aloísio em cima do fraco Ygor, que já havia furado a bola dentro da área no primeiro tempo. Aloísio cruzou e Adriano subiu sozinho para empatar.

Naquele momento todo torcedor do São Paulo acreditou que a fatura estava liquidada. Os jogadores também. Aliás, acredito que 90% dos tricolores também. O São Paulo já jogava melhor e nós precisávamos naquele momento de 2 gols. Como consegui-los, se sequer passávamos do meio campo? Por isso, o gol de Dodô foi tão importante. Na saída de bola, Conca fez boa jogada e serviu a Dodô, que chutou errado, mas enganou Rogério Ceni, que tomou um frango por debaixo das pernas. O gol milagroso recolocou o Fluminense no jogo.

A torcida rezava a João de Deus, pedindo o segundo milagre. A graça nos foi atendida na expulsão de Joílson, que fez duas faltas em cima de Júnior César em 3 minutos e recebeu dois cartões. A defesa do São Paulo estava aberta. A pressão começou. Durante 10 minutos o São Paulo foi bombardeado com chutes, cruzamentos, escanteios, bolas pingadas na área. A torcida empurrava o Fluminense para cima, e olhava para seus cronômetros. Uma bola sobrou para Washington, que poderia ter chutado de primeira. Preferiu dominar a bola e recuá-la para Maurício, que tentou o cruzamento. A bola bateu na mão do zagueiro sãopaulino e todos pediram pênalti, no desespero. O árbitro bateu com a palma da mão no antebraço, admitindo o toque, mas dando a entender que tinha sido bola na mão. É, arbitragem internacional é bem diferente mesmo, pensei. A bola sai para escanteio.

Na cobrança do córner, aos 46 minutos, Thiago Neves, sempre ele, cobra com perfeição. A bola viaja até a cabeça de Washington que sobe, cercado por três grandalhões paulistas, e acerta uma cabeçada fulminante para dentro das redes. Rogério Ceni nada pôde fazer. Após o gol, ainda tivemos que torcer contra o último ataque do São Paulo e depois, foi apenas festa. A loucura tomou conta da torcida que não deixava o Maracanã. Parecia que haviámos conquistado a Copa.

Uma vitória heróica, bem ao estilo do Renato Gaúcho, que mostrou que tem muita sorte, novamente. Mexeu mal no time, mas foi abençoado com uma vitória que caiu dos céus. Seguimos na Libertadores e enfrentaremos o Boca Juniors. Certamente precisaremos mostrar muito mais competência do que sorte contra os argentinos.


FICHA TÉCNICA - SÚMULA:


FLUMINENSE 3 X 1 SÃO PAULO
Estádio: Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)
Data/hora: 21/5/2008 - 21h50min (de Brasília)
Árbitro: Carlos Amarilla (PAR)
Auxiliares: Manuel Bernal e Tiburcio Gauto (PAR)

Renda/público: R$ 1.575.365,00 / 68.191 pagantes
Cartões amarelos: Luiz Alberto (FLU); Dagoberto, Joilson (SPO)
Cartões vermelhos: Joilson, 39'/2ºT (SPO)
GOLS: Washington, 11'/1ºT (1-0); Adriano, 25'/2ºT (1-1); Dodô, 26'/2ºT (2-1); Washington, 46'/2ºT (3-1)

FLUMINENSE: Fernando Henrique, Gabriel (Alan, 43'/2ºT), Thiago Silva, Luiz Alberto e Junior Cesar; Ygor (Maurício, 36'/2ºT), Arouca (Dodô, 9'/2ºT), Cícero, Conca e Thiago Neves; Washington.

Técnico: Renato Gaúcho.

SÃO PAULO: Rogério Ceni, Jancarlos (Joilson, intervalo), Alex Silva, Miranda e Richarlyson; Zé Luis, Fábio Santos, Hernanes e Hugo (Jorge Wagner, 33'/2ºT); Dagoberto (Aloísio, 12'/2ºT) e Adriano.

Técnico: Muricy Ramalho.

15 maio 2008

Renato Gaúcho toma nó tático e o Flu é derrotado

Thiago Neves é atingido por um raio laser
O Fluminense foi derrotado pelo São Paulo por 1 a 0, no Morumbi, na primeira partida das quartas de final da Libertadores. Foi uma partida disputada, em que o Fluminense voltou a jogar mal, sendo dominado pelo adversário. Mostrando um futebol pouco inspirado e lento, o time foi presa fácil para o São Paulo, que chegou à vitória com um gol no primeiro tempo, após nova falha do goleiro Fernando Henrique. Entranhamente, o time do Morumbi contentou-se com a vitória mínima e não procurou aumentar a vantagem.


O Fluminense entrou em campo com uma modificação: Conca foi barrado e assistiu todo o primeiro tempo do banco. Ninguém entendeu o que o técnico Renato Gaúcho pretendia com essa alteração, já que o argentino Darío Conca vinha sendo o melhor jogador do tricolor nas últimas partidas. Talvez o treinador gaúcho tenha pensado em tirar algum coelho da cartola, mas o que se viu foi um mágico desastrado que acabou se enrolando e tomou um nó tático. No segundo tempo, teve que consertar o erro e sacou do time Thiago Neves, que já tinha cartão amarelo. O jogador deixou o campo esbravejando contra o técnico.


Com a entrada de Conca, o time carioca subiu de produção e poderia ter chegado à vitória se o árbitro colombiano Oscar Ruiz tivesse marcado o pênalti cometido pelo zagueiro sãopaulino que cortou uma cabeçada de Washington com a mão. O time paulista também teve grande chance após uma furada de Roger, mas Dagoberto desperdiçou chutando por cima do gol.


Com esse resultado, tudo está em aberto, mas o Fluminense precisa melhorar muito para almejar sua classificação. O São Paulo conseguiu o que queria, ou seja, não tomar gol em casa, e vem para o Maracanã buscando se aproveitar da deficiência do goleiro carioca. Se conseguirem fazer um gol no Rio, o Fluminense terá que marcar três.


SÃO PAULO 1 X 0 FLUMINENSE
Estádio: Morumbi, São Paulo (SP)
Data/hora: 14/5/2008 - 21h50min (de Brasília)


Árbitro: Óscar Ruiz (COL)
Auxiliares: Humberto Clavijo (COL) e Rafael Rivas (COL)


Renda e público: R$ 1.716.276,00 / 61.593 pagantes

Cartões amarelos: Jancarlos e Dagoberto (SAO); Thiago Neves e Roger(FLU)

GOLS: Adriano, 19'/1ºT (1-0)

SÃO PAULO: Rogério Ceni, Zé Luis, Miranda e Alex Silva; Jancarlos, Fábio Santos, Hernanes, Hugo e Richarlyson; Dagoberto (32'/2ºT - Aloísio) e Adriano. Técnico: Muricy Ramalho.

FLUMINENSE: Fernando Henrique, Ygor, Luiz Alberto e Roger; Gabriel, Arouca, Cícero, Thiago Neves (15'/2ºT - Conca) e Junior Cesar; Dodô e Washington. Técnico: Renato Gaúcho.

07 maio 2008

O sofrimento continua

Roger sofre a dor após sofrer a falta

Atualmente o torcedor tricolor tem várias atrações ao assistir uma partida do seu time. A maior delas está nas arquibancadas, com a verdadeira revolução tocada pela Legião Tricolor, cantando e empurrando o time para a frente durante os 90 minutos como se fosse uma torcida argentina.

Uma outra atração é assistir a entrevista coletiva após o jogo para ouvir as desculpas do técnico Renato Gaúcho, quando o time joga mal, ou os elogios a si mesmo, quando o time joga bem. Infelizmente, o que se vê dentro de campo há muito tempo não pode ser considerado uma atração. Desde que o Fluminense teve uma noite de gala na estréia da Libertadores, contra o Arsenal de Sarandí, os jogos do Fluminense irritam qualquer um que se aventure a assisti-lo. Menos o torcedor da Legião, é claro.

Ontem, contra o Nacional de Medellín, no jogo de volta pelas oitavas de final da Libertadores, não foi diferente. O Fluminense voltou a mostrar toda a desorganização tática e falta de entrosamento tão característica dos times treinados pelo Renato Gaúcho. Diante do fraquíssimo time do Nacional, o Fluminense que havia vencido o jogo de ida por 2x1, quase complicou o que poderia ter sido mais um dia de festa.

O Fluminense fez 1x0 no segundo tempo, numa das poucas chances de gol que teve, numa jogada de bola parada cobrada por Thiago Neves na cabeça do excelente zagueiro Roger, que não se sabe porquê ainda é reserva e somente jogou ontem por causa da contusão de Thiago Silva. Em compensação, o inoperante e bisonho Ygor continua sendo titular absoluto para Renato Gaúcho.

Terminado o sofrimento dos noventa minutos, fui ver algo mais interessante: o festival de acusações e desculpas que Renato desfila após os jogos. Visivelmente mal humorado, culpou três ou quatro jogadores como não podia deixar de ser, sendo que não citou nomes. Nenhum comentário quanto a sua própria incompetência em dar o mínimo padrão de jogo à equipe. Quanto mais a equipe joga sob seu comando, pior fica. Temo pelo futuro do Fluminense. A eliminação da Libertadores é questão de tempo.

FICHA TÉCNICA - SÚMULA:
FLUMINENSE 1 X 0 ATLÉTICO NACIONAL (COL)

Estádio: Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)
Data/hora: 6/5/2008 - 18h30min (de Brasília)
Árbitro: Victor Rivera (PER)
Auxiliares: Luís Ávila (PER) e César Escano(PER)

Renda/público: R$ 642.938,00 / 31.700 pagantes
Cartões amarelos: Moreno, Amaya, Martel (NAC); Carlinhos (FLU)
GOL: Roger, 7'/1ºT (1-0)

FLUMINENSE: Fernando Henrique, Gabriel (Carlinhos, 37'/2ºT), Roger, Luiz Alberto e Junior Cesar; Ygor, Cícero, Conca e Thiago Neves (Maurício, 21'/2ºT); Dodô e Washington (Tartá, 27'/2ºT). Técnico: Renato Gaúcho.

NACIONAL (COL): Barahona, Zuñiga (Cordoba, 33'/2ºT), Mendoza, Moreno e Vélez; Amaya, Martínez (Toro, 34'/2ºT), Arrué e Martel (Murillo, 17'/2ºT); Muñoz e Galván. Técnico: Oscar Quintabani.

01 maio 2008

O sofrimento do tricolor

Sempre gostei de assistir aos jogos de futebol nos estádios. Algumas pessoas preferem ver jogos pela televisão, mas eu não gosto. A televisão tem o replay, é verdade, mas este é o único ponto a seu favor. Em todos os outros aspectos, a televisão está em desvantagem em relação aos jogos ao vivo, in loco.

Na minha opinião, a grande vantagem de não assistir aos jogos pela televisão é não precisar ouvir o desfile de bobagens ditas pelos comentaristas brasileiros que, grosso modo, são muito ruins. Esses comentaristas, na maioria das vezes, escolheram esta profissão por gostar de futebol e, fatalmente torciam (ou ainda torcem) para um determinado time, o que os torna parciais e desagradáveis nos seus comentários. Bem, todos sabem que a imprensa não é e nunca foi neutra, e não poderia ser diferente no que se refere ao futebol.

O pior de todos, para mim, é o José Roberto Wright. Quando apitava foi um árbitro medíocre, que teve uma carreira recheada de erros clamorosos, como o da final do Campeonato Carioca de 2005, e o Atlético x Flamengo da Libertadores de 2001, em que expulsou meio time do Atlético e levou ao título do rubro-negro. Wright consegue ser ainda pior como comentarista de arbitragem. É tão ruim que muitas vezes desligo o som da televisão para não me irritar com os seus comentários. Renato Marsiglia também foi um árbitro muito ruim. Eu me lembro de um lance do Washington, aquele mesmo do Casal 20, que no fim de carreira jogou pela Desportiva e fez um golaço de bicicleta. Golaço que foi indevidamente anulado pelo Marsiglia alegando jogo perigoso. Um crime, pois o jogador mais próximo do Washington não estava a menos de dois metros de distância. Como comentarista de arbitragem, Marsiglia não é tão desagradável quanto o Wright, mas ontem, ao comentar o jogo entre Nacional de Medellín e Fluminense, me irritou profundamente.

Quando Júnior César driblou o goleiro em velocidade, e foi derrubado por uma rasteira dentro da área, já me surpreendi com a presteza com que o árbitro uruguaio marcou o pênalti. É verdade que o goleiro não tocou no Júnior César, pois o lateral pulou para não ser atingido, mas isso não importa. O goleiro teve a intenção de derrubá-lo e o jogador não precisa deixar-se atingir para que a falta seja marcada. Entretanto, estou tão acostumando com as péssimas arbitragens do Campeonato Brasileiro, que me surpreendi com a marcação do pênalti. Se fosse um juiz paulista, provavelmente o pênalti não seria marcado e o Júnior César ainda receberia um cartão amarelo. Bem, mas o juiz era uruguaio e não só o pênalti foi marcado como também o goleiro colombiano foi expulso.

E Renato Marsiglia, provavelmente incomodado com a marcação do pênalti, pôs-se a criticar o cartão vermelho aplicado ao jogador. Segundo ele, o cartão foi incorreto pois não havia uma clara e manifesta chance de gol. O zagueiro que acompanhava o lance poderia impedir o lateral tricolor de fazer o gol. Essa é uma característica dos comentaristas de arbitragem da Globo. Eles costumam distorcer os fatos que as imagens insistem em mostrar. Enquanto as imagens mostravam o zagueiro colombiano atrás do Júnior César, como comprova a foto abaixo, Marsiglia insistia que o zagueiro estava à frente do lateral, portanto o goleiro não poderia ser caracterizado como último homem.

Júnior César é derrubado


É por isso que eu não gosto de assistir aos jogos do Fluminense pela televisão, principalmente quando são transmitidos pela Globo. Além do Marsiglia, o outro comentarista do jogo de ontem era o Sérgio Noronha, que até entende um pouco de futebol, dentro dos limites do que um flamenguista pode entender. No jogo de domingo passado, entre Botafogo e Flamengo, o primeiro jogo da decisão do campeonato carioca, Sérgio Noronha comentou que se o Flamengo vencer o campeonato estará igualando a marca de 30 títulos cariocas do Fluminense, marca essa que nunca foi atingida por nenhum outro clube desde o início da disputa do campeonato em 1906. Ressaltou, entretanto, que Flamengo e Vasco foram fundados mais tarde, o Flamengo em 1912 e o Vasco, em 1923, portanto o Fluminense levaria uma vantagem por estes clubes não terem disputado os campeonatos nos primeiros anos de disputa.

Nada mais incorreto, mentiroso e parcial. Em primeiro lugar, Sérgio Noronha comete o erro de considerar que o Flamengo tem 29 títulos estaduais. Não tem. Venceu 28 campeonatos cariocas, o que é uma marca respeitável. É uma ofensa à inteligência do telespectador considerar o campeonato especial de 1979 como sendo mais um campeonato carioca. Como pode haver dois campeonatos em um ano? Bem, na Argentina há dois campeonatos, o Abertura e o Clausura, mas estamos no Brasil e aqui o costume é apenas um campeonato por ano. Quando sobra tempo no calendário e os cartolas decidem preencher este tempo com mais um campeonato, dão a ele um outro nome, como o Especial de 1979, ou o Extra de 1941. O Flamengo venceu o Especial de 1979 e se diz tricampeão em dois anos. O Fluminense venceu o Extra de 1941, mas não considera esse título na contagem dos cariocas. Enfim, se a imprensa quiser ser coerente e considerar o Especial de 1979, o Extra de 1941 também terá de ser contabilizado e o Flu ainda estará dois títulos na frente do Flamengo.

Em segundo lugar, Sérgio Noronha culpa o Fluminense pela conquista de títulos enquanto os rivais ainda não tinham sido fundados. Outra mentira. Pelo que sei, o Flamengo foi fundado em 1895, não? Celebramos o seu centenário em 1995 com uma barrigada do Renato Gaúcho. Pois então como o Flamengo não existia ainda em 1906? Existia sim, mas não jogava futebol! E que culpa o Fluminense tem se naquela época os seus rivais preferiam ficar remando em vez de jogar bola? Na verdade, o Fluminense é o único clube carioca de futebol. Fluminense FOOTBALL Club é o seu nome, enquanto os outros, sem exceção, são clubes de REGATAS. Até hoje.

Pois é, ontem essa dupla comentava o jogo do Fluminense. Eu tinha tudo para ficar irritado, e já estava ficando, depois do comentário do Marsiglia sobre o cartão vermelho, mas o Sérgio Noronha ontem realmente viu o mesmo jogo que eu vi. Nós vimos um Fluminense apático, sem imaginação, sem inspiração, mal armado, mal escalado. Um Fluminense que chegou à vitória graças a grande superioridade individual de seus jogadores. Não há conjunto, não há padrão de jogo. O Fluminense hoje em dia é um bando em campo, um time com a cara de seu “treinador”, Renato Gaúcho, o rei dos rachões. O Fluminense venceu o Nacional de Medellín, mas não convenceu.



FICHA TÉCNICA

ATLÉTICO NACIONAL (COL) 1 X 2 FLUMINENSE


Estádio: Atanásio Girardot, Medellín (COL)

Data/hora: 30/4/2008 - 22h (de Brasília)

Árbitro: Martín Vázquez (URU)

Auxiliares: Wálter Rial(URU) e Mauricio Espinoza (URU)


Renda/público: 471.236.000 pesos(aproximadamente R$ 474.000,00) / 26.546 pagantes


Cartões amarelos: Arrué, Martínez, Moreno (ATN); Arouca, Ygor, Cícero, Fernando Henrique, Washington(FLU)

Cartões vermelhos: Ospina, 18'/1ºT


GOLS: Thiago Neves, 21'/1ºT (0-1); Arrué, 6'/2ºT (1-1); Conca, 30'/2ºT (1-2);


ATLÉTICO NACIONAL (COL): Ospina; Zúñiga, Mendoza, Moreno e Vélez; Martínez; Amaya, Arrué e Córdoba (Barahona, 20'/1ºT); Muñoz (Galván, intervalo) e Villagra (Martel ,21'/2ºT). Técnico: Oscar Quintabani.


FLUMINENSE: Fernando Henrique, Gabriel, Thiago Silva (Roger ,10'/2ºT), Luiz Alberto e Junior Cesar; Ygor, Arouca, Cícero, Conca (Dodô ,32'/2ºT) e Thiago Neves (Maurício ,17'/2ºT); Washington. Téncico: Renato Gaúcho.