28 fevereiro 2007

Flu joga bem e vence sem Carlos Alberto

Na reestréia de Joel Santana no comando tricolor, o Fluminense goleou a ADESG, do Acre, por 6 a 0. Diferentemente da equipe insegura de PC Gusmão, o Fluminense mostrou boa movimentação, disposição e aplicação tática. É claro que o adversário não exigiu muito do Fluminense, e entrou em campo acreditando que poderia enfrentar o tricolor de igual para igual. Foi o suficiente para o Fluminense construir o placar logo nos primeiros minutos, principalmente em jogadas pelas laterais com o apoio do bom lateral Carlinhos. Seus cruzamentos sempre traziam perigo à defesa acreana.



O meio campo tricolor também trabalhava bem a bola. Thiago Neves, Cícero e Arouca conseguiram envolver o time adversário, fazer jogadas em velocidade e ainda se apresentar ao ataque. Thiago Neves fez dois gols e Cícero mais um, deixando a dúvida na torcida com relação à titularidade de Carlos Alberto, que não jogou por contusão. Foi a primeira sem Carlos Alberto e coincidentemente (ou não) a equipe mostrou mais disposição e velocidade no meio campo. Após uma semana em que Soares quase deixou o clube, seduzido por uma proposta de um time japonês, e em que se ventilou os atritos entre Carlos Alberto e a dupla que veio do sul, que ocorreram na Taça Guanabara, é emblemático que o time tenha jogado tão bem e com tanta disposição sem a presença de Carlos Alberto. Afirmar que a ADESG não é parâmetro para nenhuma avaliação não é correto, pois cansamos de ver o Fluminense enfrentar times até piores e não mostrar disposição para jogar sério.

Portanto, além da classificação para a próxima fase, o que fica é a dúvida sobre como atuará este time com o retorno de Carlos Alberto, lá pela segunda rodada da Taça Rio. Ah, já ia me esquecendo, há que se registrar também o gol de Lenny, após vários meses sem marcar. Além de Lenny, também entraram, nos minutos finais, Adriano Magrão e Renato Silva, que ainda estão devendo boas atuações à torcida.


FICHA TÉCNICA - SÚMULA
FLUMINENSE 6 X 0 ADESG
Estádio: Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)
Data/hora: 28/2/2007 - 20h30min (de Brasília)
Árbitro: Edson Esperidião/ES
Auxiliares: Antônio Carlos de Oliveira/ES e Marcos Antônio Moreira Collodetti/ES

Borderô:
Público: 4.037 pagantes
Renda: R$ 36.807,00

Cartões amarelos: Piu, Léo, Samuel, Fernando (ADESG)
Cartão vermelho: Piu (42'2T)

GOLS:
Alex Dias, 2'/1ºT (1-0); Cicero; 20'/1ºT (2-0), Thiago Neves, 23'/1ºT (3-0); Thiago Silva, 41'/1ºT (4-0); Thiago Neves 10'/2ºT (5-0) Lenny, 43'/2ºT.

FLUMINENSE: Ricardo Berna, Carlinhos, Thiago Silva, Roger (Renato Silva, 30'/2T) e Ivan; Fabinho, Arouca, Thiago Neves (Lenny, 30'/2T) e Cícero; Alex Dias e Soares (Adriano Magrão 30'/2T). Técnico: Joel Santana.

ADESG: Marlon, Adriano, Aguinaldo e Piu; Jefferson (Igor, 18'/2ºT), Bigal, Da Silva (Zico, intervalo), Diego e Samuel (Japão 30'/1ºT); Juninho e Fernando. Técnico: José Lopes Risada.

26 fevereiro 2007

Assis, o carrasco



Benedito de Assis da Silva nasceu em São Paulo, em 12 de novembro de 1952. Escorpiano, signo de grandes futebolistas, como Pelé, Garrincha e Maradona. Assis foi criado na Zona Leste da capital paulista, mais precisamente no bairro da Vila Prudente. E foi lá mesmo que começou a jogar futebol de salão – o futsal foi criado bem depois, no Vips Clube. Aos 18 anos resolveu tentar a sorte no futebol de campo, jogando no Juventus, mas não se adaptou bem à mudança de esporte e foi dispensado após apenas dois meses. Foi em seguida para a Portuguesa de Desportos, mas também lá não teve sucesso e Assis não teve alternativa a não ser abandonar o futebol profissional.

Apenas temporariamente, pois Assis nunca desistiu totalmente da bola e, durante cinco anos, trabalhando de dia e estudando à noite, jogava apenas durante os fins de semana, em campos de várzea como amador, ou ganhando um bicho que lhe permitia pagar uma ou outra refeição. Foi quando a vida chamou Assis de volta ao seu destino: um olheiro viu-o jogar em um campo de pelada e convidou-o a fazer um teste no São José. Aprovado no teste, finalmente assinou seu primeiro contrato profissional, aos 22 anos, e mudou-se para São José dos Campos, onde dormia na concentração do clube.

A vida era dura no São José. O salário, que não era alto, tampouco era pontual e Assis resolveu tentar a sorte em outro clube. Após um ano no São José, transferiu-se em 1976 para a Inter de Limeira e, em seguida, para a Francana, onde seu futebol começou a brilhar. A equipe de Franca foi a campeã da segunda divisão e Assis foi um dos destaques e artilheiro da equipe. Em 1979, já na primeira divisão do campeonato paulista, Assis fez um gol pela Francana contra o São Paulo chamando a atenção dos dirigentes são-paulinos, que o contrataram. Assis continuou vencendo, conquistando o bicampeonato paulista em 1980 e 1981.

Ainda em 1981, Assis foi para o Internacional, onde foi novamente campeão e conheceu aquele que viria a ser o seu grande parceiro no futebol e na vida: Washington. Nos treinos, os dois começaram a formar o entrosamento na jogada aérea que tanto os caracterizou. Assis se recorda que ficavam horas treinando cabeçadas. Desenvolveram uma técnica fantástica, eram capazes de enganar o goleiro e mudar a direção da cabeçada em cima da hora, dando um passe de cabeça para o companheiro livre ao invés de cabecear para o gol. Uma jogada simples, mas mortal, que os adversários não conseguiam impedir e os imortalizaria mais tarde, no Fluminense como o Casal 20.

Em 1982 os dois foram para o Atlético Paranaense, trocados pelo lateral Augusto, e lá viveram um grande momento. Foram campeões paranaenses e no ano seguinte levaram o time às semifinais do Campeonato Brasileiro, sendo eliminados pelo Flamengo. Nesta partida, Washington marcou dois gols contra o time carioca e chamou a atenção dos dirigentes tricolores, que foram à Curitiba tentar a sua contratação. O Atlético aceitou vender Washington, mas condicionou o negócio à contratação também de Assis, que já passava dos trinta anos e se aproximava do fim da carreira.

Os tricolores que vibraram com a contratação de Washington mal podiam imaginar que aquele jogador de pernas compridas, de 1,81 metros de altura, que já era considerado velho e que vinha apenas como contrapeso se tornaria um dos maiores jogadores de todos os tempos da história do Fluminense. Os dois viveram no Flu os ápices de suas carreiras, uma dupla infernal de atacantes que confundia as defesas adversárias e foram apelidados de Casal 20. Conquistariam o tricampeonato carioca e o campeonato brasileiro e fariam parte daquele time que foi a verdadeira máquina de jogar futebol e está até hoje gravado na memória de todo tricolor: Paulo Victor, Aldo, Duílio, Ricardo e Branco; Jandir, Delei e Assis; Romerito, Washington e Tato.

Anos mais tarde, Assis confidenciou que ficou muito incomodado com aquela transferência como “contrapeso” do Washington, e jurou para si mesmo que provaria o seu valor no Fluminense. Logo no primeiro turno do campeonato de 1983, Assis foi o melhor jogador, marcando 8 gols, inclusive os dois da final contra o América, mas o gol que o marcaria para sempre foi o da final contra o Flamengo, aos 45 minutos do segundo tempo, aproveitando uma bobeada da defesa rubro-negra.

No ano seguinte, Assis confirmaria o apelido de "carrasco" ajudando o Fluminense a conquistar o bicampeonato, derrotando novamente o Flamengo na final, com um gol de cabeça após o cruzamento de Aldo aos 30 minutos do segundo tempo. O goleiro argentino Ubaldo Fillol, que antes do jogo contara vantagem, nem mesmo pulou para sair na fotografia. 1984 foi mesmo o grande ano da carreira de Assis, quando conquistou também o campeonato brasileiro pelo Fluminense e por suas atuações magistrais foi convocado para a seleção brasileira pela primeira vez, aos 32 anos de idade, pelo técnico Edu.

Em 1985, Assis conquistou o tricampeonato carioca pelo Fluminense e o seu hexacampeonato estadual particular (80-81 pelo São Paulo, 82 pelo Atlético-PR, 83-84-85 pelo Fluminense). Jogou no Fluminense até 1987 e é até hoje lembrado com saudade pelos torcedores tricolores. Atualmente mora em Volta Redonda onde trabalha com Delei na Secretaria de Esportes.


23 fevereiro 2007

O Fla-Flu da Lagoa

Mário Filho

Se me perguntarem qual é o match que gosto mais, digo logo Fla-Flu. Aliás ninguém me pergunta, todo mundo já sabe. Não faço segredo disso. O que me podem perguntar é dos matches que eu gosto, qual foi o que gostei mais. Então respondo que foi o Fla-Flu da Lagoa. Respondo logo, quase sem pensar. Feita a pergunta, a lembrança que me vem é do Fla-Flu da Lagoa. E acho que quem me fizesse tal pergunta haveria, por certo, de esperar justamente essa resposta, se viu o Fla-Flu da Lagoa ou ouviu falar nele. E o curioso é que desse match a gente recorda apenas seis minutos. Os gols todos já estavam feitos dois a dois. Pois foi como se o Fla-Flu começasse ali e durasse apenas seis minutos, que não foram seis, que duraram a eternidade. Se quiserem saber como fizeram os gols, não sei de nada. Sei, sim, o que se passou depois. Parece que ainda vejo o campo do Flamengo arrebentando de gente. Decidia-se o campeonato de 41. O campeonato que se resumiu num match, o match se resumiu em seis minutos.

Quando o Flamengo marcou o segundo gol, antes mesmo que o garoto do placar colocasse o dois ao lado do nome Flamengo, a gente olhou para o relógio: faltavam seis minutos. Começou uma voz gritando faltam seis minutos e aí o Flamengo foi para cima do Fluminense. Para o Fluminense bastava o empate, para o Flamengo era preciso a vitória. O Flamengo atacava, o Fluminense jogava a bola na Lagoa. Não se tratava do recurso da bola fora. Bola fora não adiantava ao Fluminense. Noutro campo, a história desse Fla-Flu seria diferente. Bola fora volta logo, na Lagoa demorava. E o Flamengo jogou nágua guarnições inteiras de remo para apanhar a bola na Lagoa. Parecia que essas guarnições disputavam um campeonato de remo. Apanhavam a bola, mandavam-na de novo para o campo e ficavam nágua, os remos suspensos, os músculos retesados, prontos para quarenta remadas por minuto. Que outra bola havia de vir, e rápida. Enquanto o Fluminense pudesse jogar bolas na Lagoa não faria outra coisa.

Era ainda no tempo do cronometrista. O juiz não mandava no tempo, quem mandava era o cronometrista. E lá estava o cronometrista. A bola caía na Lagoa. O cronometrista travava o cronômetro. E o tempo parava. O Flamengo queria que o conômetro parasse, o Fluminense queria que corresse. Eram duas concepções de tempo que se chocavam, irreconciliáveis. Não é possível, o cronômetro não anda. E andava, bem que andava. Para o Flamengo corria. A angústia fazia com que para o Fluminense o tempo parasse; e corresse, desembestado, para o Flamengo. Nem o Fluminense compreendia que ele custasse tanto a passar nem o Flamengo que ele corresse tanto. Então foi um homem do Fluminense para junto do cronometrista, acompanhado logo por outro do Flamengo. E o cronômetro parava e o cronômetro andava. Com um pouco a gente olhava para o relógio e não entendia mais nada.

Só se sabia de uma coisa: que quando o Flamengo empatou faltavam seis minutos. E agora? Agora ninguém sabia. O Flamengo mandava buscar todas as bolas que tinha. Eram bolas de treino, pesadas, duras enchidas a pressa, estourando de ar. Caía uma bola na Lagoa e as bolas do Flamengo eram chutadas para campo. Lembro-me que Batatais, uma vez, fez cera escolhendo uma entre as muitas bolas do Flamengo. Apertava uma, não servia, batia com outra no chão, não servia. E lá vinha o Flamengo para cima do juíz que era Juca da Praia. Seu Juca, olha a cera. Na mesa do cronômetrista o homem do Fluminense exigia aos berros que o cronômetro andasse. Finalmente Batatais escolhia uma bola, ajeitava para Renganeshi, Renganeschi enchia o pé, bola na Lagoa.

Era o que ia dar o nome àquele Fla-Flu. Primeiro se disse que fora o Fla-Flu de bola na Lagoa. Depois se sintetizou: Fla-Flu da Lagoa. E dito Fla-Flu e dita Lagoa, já se sabia de que Fla-Flu se tratava. E nem todos os seis minutos foram de boIa na Lagoa. O Fluminense acabou percebendo que quanto mais bola jogasse na Lagoa, mais o jogo se demorava em acabar. Aqueles seis minutos poderiam durar horas e então ninguém, nem do Fluminense, nem do Flamengo, aguentaria. Para se ter uma idéia: Mário Polo não aguentou. Saiu, para a porta do Hospital Miguel Couto, bem à mão, pois fica quase junto ao Flamengo. E os enfermeiros e até médicos se aglomeraram em torno de Mário Polo. Se o Flamengo marcasse um gol, Mário Polo poderia cair. Ter um troço. E ali estava a equipe do Miguel Couto pronta para socorrê-lo.

Do Miguel Couto, Mário Polo não via nada. Mas com a experiência de quem quase que vira o futebol nascer por aqui ele podia distinguir, separar os gritos da torcida do Fluminense dos da torcida do Flamengo. Se houvesse um gol ele saberia logo. É verdade que tendo fugido de medo, ele poderia na hora confundir os gritos. Mas ele não queria, não pretendia outro gol do Fluminense. Para ele quem atacava era o Flamengo, era mesmo, inteiro, desesperado, em busca do gol do campeonato. O Fluminense se contentava com o dois à dois, não queria mais, que lhe bastava e sobrava e enriquecia o empate, que era título. O que ele ansiava por ouvir era o último apito do juiz, que não poderia ouvir do Miguel Couto. Mas poderia ver a multidão saíndo aos borbotões da Gávea. Só aí conheceria o repouso, a paz de espírito, se não explodisse, de repente, um grito que seria um urro, do Flamengo.

Já não havia mais bola na Lagoa. Agora o Fluminense recorria a outras ceras. Carreiro chegou a ficar nu da cintura para cima. Rasgou a camisa, despiu-a, para pedir um penalti a Juca. Enquanto reclamasse o penalti o tempo estaria passando, inflexível. Mas Juca, metido a calmo, de andar de malandro, já não agüentava mais nada. Foi logo ameaçando botar Carreiro para fora de campo, que botou depois. E que Carreiro inventou logo a seguir outra cera, a cera dos dez passos. Vocês sabem: há um foul, o juiz apita, se é perto da área e mesmo longe, dependendo de quem vai bate-lo, o time punido faz a barreira, o juiz conta dez passos, mas quem fez o tal foul foi Carreiro e no meio do campo, a cinqüenta metros do gol de Batatais. Juca apitou, Carreiro ficou junto da bola, Juca mandou ele sair, ele pediu a Juca para contar os dez passos.

Imaginem só, um juiz contar dez passos a cinqüenta metros do gol. Juca foi logo apontando para fora do campo. Mas Carreiro espetou as mãos no peito, perguntando se era com ele. Era. Mas por que seu Juca, que fiz eu? Você ainda me pergunta por quê? Fora. Eu não fiz nada, seu Juca. Fora! Fora! Fora! E Juca nem parecia o Juca. A impressão que a gente tinha era de que o Jura virasse Mário Vianna, que às vezes virava quando não tinha outro remédio. E os jogadores do Fluminense correram para Juca. Seu Juca, que é que ele fez? E Juca esbravejando só apontava para fora de campo. Junto ao cronometrista, o homem do Flamengo mandava parar o cronômetro, o homem do Fluminense mandava o cronômetro andar. E Carreiro no meio do campo continuava a perguntar o que é que ele tinha feito, se ele não fizera nada, absolutamente nada.

Carreiro teve que ir embora depois de esgotar todos os recursos de cera de que dispunha, e que eram muitos. Saindo Carreiro não adiantando mais a bola na Lagoa, como é que se ia arranjar o Fluminense com o Flamengo em cima dele, quase não o deixando respirar. Até Domingos da Guia, que não era dado a esses rasgos, fora para o ataque. E quanto faltava, sim, quanto faltava para acabar o jogo? Eis o que ninguém sabia, exceto o cronometrista e o homem do Fluminense e o homem do Flamengo ao lado dele. Além disso, nem adiantava de nada saber. Sabia-se antes que faltavam seis minutos e parecia que já tinham passado horas. Já escurecia na Gávea. Aquele Fla-Flu podia acabar de noite, não se vendo mais nada. Podia nem acabar.

E então Romeu Pelliciari, o careca que jogava de gorro na cabeça foi para o vai mais não vai. Pegava a bola fingia que ia não ia acabava indo e não a largava, prendendo-a, aminhando, correndo com ela dando voltas, alongando caminhos, avaçando, recuando, tombando pela direita, descambando para a esquerda. Não o preocupava outra coisa senão gastar o tempo e realmente a bola nos pés de Romeu fazia o tempo andar. E ele não precisava correr. O importante era ter a bola nos pés, dominada dócil, escondê-la, prendê-la. E Romeu Pelliciari fugia dos jogadores do Flamengo, evitava-os, fazia circunlóquios com a bola. A princípio não parecia cera. O Fluminense atacava. E Romeu Pelliciari nem de longe pretendia ser forward. Era como se ele jogasse sozinho. Não dava bola a ninguém. A bola era dele, só dele.

Quando o Flamengo percebeu que Romeu Pelliciari estava somente fazendo cera, - houve uma vez que ele chegou até a linha de fundo e não centrou a bola, apenas voltou para recomeçar tudo de novo - cercou-o, atacou-o, procurou tomar-lhe a bola de qualquer maneira. Mas o tempo andava e, de repente, sem que ninguém mais esperasse, o cronometrista apitou e Juca abriu os braços e os levantou e fez assim, Cruzando-os no ar. Era o fim. Ainda me lembro de um gemido que ouvi, de quem dá o último suspiro, olhei e vi uma senhora, já idosa, que escorregava da cadeira, já desanimada. Aquele gemido, aquele desmaio tanto podia ser de alguém do Fluminense como de alguém do Flamengo. E sendo assim eram o próprio Fla-Flu.

21 fevereiro 2007

A volta de Joel Santana

Após o vexame que foi a participação tricolor na Taça Guanabara, quando todas as condições foram dadas para PC Gusmão armar a equipe, inclusive com pré-temporada de 23 dias na concentração da Seleção Brasileira – a Granja Comary, em Teresópolis, ficou claro para a diretoria tricolor que não é possível mais insistir com PC. Enfim, chegaram finalmente à mesma conclusão que a torcida já sabia de antemão: esse PC Gusmão é um enganador, não sabe nada de futebol.

Nas últimas duas semanas o Fluminense saiu à cata de um técnico. Tarefa difícil, pois não há muitos técnicos bons disponíveis no mercado. E além disso é preciso que encontremos um que se submeta a trabalhar no ambiente de total ebulição política que é o Fluminense hoje em dia, onde o presidente Roberto Horcades é um fraco que perde a sua base de apoio internamente e, externamente alia-se ao presidente do Vasco, Eurico Miranda. O que o Fluminense tem a ganhar com essa aliança é um mistério que desconhecemos.

Não é a primeira vez que o Fluminense enfrenta dificuldades para contratar um treinador. No passado, Vanderley Luxemburgo e Leão já recusaram propostas financeiramente muito boas. Dessa vez o foco caiu sobre Tite e Renato Gaúcho. Duas semanas de conversas, especulações e negociações depois, nenhum dos dois veio, mas Renato aproveitou-se do interesse tricolor para conseguir um reajuste de 50% no Vasco. Não podemos nos queixar, o saldo foi positivo. Renato foi um grande jogador, mas é um técnico apenas razoável. É justo que ele receba um aumento, e mais justo ainda que o Vasco pague por isso. Também foi muito bom que o Eurico tenha se irritado com o assédio tricolor sobre seu treinador, mas foi uma pena que não tenha rompido relações com o Horcades.

Além disso, descobrimos que Vinicius Eutrópio também tem qualidades para ser um bom treinador, mas não repetimos o erro do ano passado com Josué Teixeira efetivando-o precipitadamente. Em vez disso, foi promovido a auxiliar técnico do novo técnico que será anunciado oficialmente amanhã: Joel Santana. Não é um nome que me agrade. Qualidades ele tem, sabe armar uma equipe de futebol, é malandro e entende do assunto. É um técnico vencedor e gosta de ganhar títulos. Foi mal na sua última passagem pelo clube em 2003, mas não podemos culpá-lo. Aquele time era muito ruim. O problema do Joel é que perdemos a confiança nele depois daquele episódio em que o Fluminense foi derrotado pelo Santos, pelo campeonato brasileiro de 1995 e, no dia seguinte, dava entrevistas embriagado pedindo demissão para ir treinar o Flamengo. No ano seguinte, ainda no Flamengo, botou o time reserva em campo contra o Bahia. O Flamengo perdeu o jogo e o Fluminense foi rebaixado à segunda divisão. É claro que o Fluminense não foi rebaixado apenas por causa desse jogo, mas o torcedor nunca o perdoará pelo que fez. O Joel vai enfrentar muita resistência no Fluminense por causa de seu passado.

Dentro das circunstâncias, é o melhor que podemos encontrar. Bem melhor que Renato Gaúcho, mas inferior a Tite. E muito abaixo de quem deveria estar treinando o Flu: Abel Braga, que nunca deveria ter ido embora.

19 fevereiro 2007

Os irmãos Karamazov

Nelson Rodrigues


Começo aqui a minha grave função homérica. Minha memória é um chão todo juncado de clássicos e peladas fenecidos. Antes, porém, de exumar os velhos jogos, preciso explicar toda a minha dramática relação com o Fluminense. Sou Tricolor, sempre fui Tricolor. Eu diria que ja era Fluminense em vidas passadas, antes, muito antes da presente encarnação. Vejo-me em Aldeia Campista, garoto de pé no chão e calça furada. Teria quatro anos, se tanto. 1916. A Primeira Grande Guerra ainda matava milhares, ainda matava milhões. E como então se promovia mundialmente o bigode do Kaiser! Esse bigode era o grande assunto da caricatura, em todos os idiomas.
Para mim, moleque da rua Alegre havia uma relação nítida e taxativa entre a guerra e o Fluminense. Seriamos campeões em 17, 18 e 19. Ainda hoje, meio século depois, tenho a sensação de que a Grande Guerra trazia no ventre o tricampeonato Tricolor. Vejamos o absurdo: a Grande Guerra seria apenas a paisagem, apenas o fundo das nossas botinadas. Enquanto morria um mundo e começava outro, eu só via o Fluminense.

Quem ia ao futebol era Milton, o meu irmão mais velho. Acompanhava o Tricolor, com uma obstinação de fanático. Quando ele cheguava, de noite, eu vinha correndo perguntar:- "Quem ganhou". E ele, tostado pelo sol dos clássicos e das peladas:- "O Fluminense!" Era o Fluminese, sempre Fluminense. Até que, um dia, não foi o Fluminense.

Imagino que o leitor esteja fazendo a impaciente pergunta:- "E o Flamengo?" Hoje, o Rubro-Negro, por onde vai, arrasta multidões fanatizadas. Há quem morra com o seu nome gravado no coração à ponta de canivete. Mas eu não falei no Flamengo e explico:- O Flamengo nem sempre foi Flamengo.

Cada brasileiro, vivo ou morto já foi Flamengo por um instante, por um dia. Vale a pena voltar a 1911, ou 12, não sei. Como eu dizia, o Flamengo era ainda Fluminense.

Eu disse que o Flamengo era ainda Fluminense e já retifico Antes do futebol, o Rubro-Negro foi remo ou, melhor dizendo, foi "domingo de regatas".

Até que, um dia, houve uma dissidência no Fluminense. Eu gostaria de saber que gesto, ou palavra, ou ódio deflagrou a crise. Imagino bate-bocas homicidas. E não sei quantos Tricolores saíram para fundar o Flamengo. Hoje, nos grandes jogos, o Estádio Mário Filho é inundado pela multidão rubro negra. O Flamengo tornou-se uma força da natureza e, repito, o Flamengo venta, chove, troveja, relampeja. Eis o que eu pergunto: - Os gatos pingados que se reuniram, numa salinha imaginavam as potencialidades que estavam liberando? Há um parentesco óbvio entre o Fluminense e o Flamengo. E como este se gerou no ressentimento, eu diria que os dois são os irmãos Karamazov do futebol brasileiro.

17 fevereiro 2007

Gutemberg de Paula Fonseca, o nome do jogo

Fluminense e Vasco empataram em 4 a 4 hoje no Maracanã. Esse não é um placar comum em partidas de futebol, mas geralmente hoje, sábado de Zé Pereira, costuma acontecer placares elásticos e inusitados. O grande responsável pelo empate em 4 a 4 foi Gutemberg de Paula Fonseca, o árbitro do jogo, que marcou um pênalti inexistente a favor do Vasco aos 42 minutos do segundo tempo.

O Fluminense foi dirigido pelo desconhecido interino Vinicius Eutrópio, que tem nome estranho mas mostrou conhecer mais de futebol do que o seu antecessor, PC Gusmão. Seu maior mérito foi não inventar e colocar os jogadores em suas reais posições. Foi o suficiente para o time se encontrar em campo e os jogadores atuarem com mais desenvoltura e segurança. Arouca e Cícero, que sob o comando de PC Gusmão, a cada partida jogavam em uma posição diferente, estavam bem mais à vontade e até se aventuravam ao ataque. Arouca se entendia muito bem com Carlinhos, que está sendo a melhor surpresa de todas as 17 contratações que o Fluminense fez para essa temporada.

Cícero finalmente foi colocado para jogar ao lado de Soares. Já no jogo contra a ADESG, quarta-feira passada, os dois atuaram juntos, o que não havia acontecido sob o comando do PC. Naquela partida Soares marcou um gol e Cícero cobrou a falta que resultou no gol segundo gol tricolor, de Alex Dias. Hoje os dois voltaram a mostrar bom entrosamento e em um dos lances, no primeiro tempo, fizeram uma bela tabelinha que deixou Soares na cara do gol. Soares marcou o primeiro gol aproveitando-se do mau posicionamento do goleiro vascaíno, e poderia ter feito mais dois ou três ainda no primeiro tempo.

O Vasco empatou o jogo após uma série de faltas mal marcadas a seu favor, pelo péssimo árbitro Gutemberg de Paula Fonseca. Além de inventar e inverter faltas, este árbitro puniu com cartão amarelo seguidamente quatro jogadores do Fluminense, no primeiro tempo. Das quatro punições, a única correta foi o cartão aplicado sobre Carlos Alberto, que realmente mereceu a punição. Enquanto os jogadores do Fluminense ficavam pendurados, os vascaínos tinham salvo conduto para cometer suas faltas.

O Fluminense voltou a ficar em vantagem após um escanteio muito bem cobrado por Carlinhos, em Cícero, com uma grande impulsão, fez um belo gol de cabeça. No segundo tempo, logo aos 3 minutos, Alex Dias deixa Soares livre para fazer o terceiro gol.

O segundo gol vascaíno foi de falta. Uma bela cobrança de Diego, no ângulo. Ricardo Berna foi na bola, mas não conseguiu chegar à tempo. A bola bateu na trave e entrou. O Fluminense continuava jogando à vontade e numa tabela em velocidade entre Alex Dias e Carlos Alberto, Cássio defendeu com os pés e no rebote, Alex Dias pega de voleio e chuta no ângulo, fazendo o quarto gol tricolor.

Soares, entre 3 vascainos

Nesse momento, Eutrópio cometeu o erro fatal, mexendo no time para segurar o resultado. Tirou Cícero e colocou Romeu, e tirou Soares para colocar David. O Fluminense perdeu seu potencial ofensivo e atraiu o Vasco para cima de si. O Vasco chegou ao terceiro gol através de Leandro Amaral, aproveitando-se dos espaços que Ivan deixava na lateral esquerda, e ao quarto, através de Gutemberg de Paula Fonseca, que marcou pênalti inexistente.

Ao final do jogo, o coordenador de futebol do Fluminense, Branco, estava revoltado com a atuação do árbitro.

- Esse árbitro não atua mais em jogos do Fluminense. Ele foi para o Maracanã mal-intencionado e é um péssimo profissional - afirma Branco.

Além da bronca pelo pênalti mal marcado, Branco também contestou a atuação do árbitro na parte disciplinar. O dirigente afirmou que ele coagiu os jogadores dentro de campo.

- Só não ganhamos o jogo porque atuamos contra 12. Ele deu sete cartões amarelos para o nosso time e ameaçou os jogadores em campo - diz Branco, que deverá encaminhar uma representação à Comissão de Arbitragem da Federação no dia 26, quando a entidade voltará a funcionar normalmente.

É uma atitude positiva do Branco, pois durante todos esses últimos vinte e poucos anos em que Eurico Miranda vem reinando na Federação Carioca, o Fluminense nunca se posicionou claramente contra essa situação, aceitando tudo passivamente. Esperamos que o Branco realmente faça valer a voz do Fluminense e os árbitros passem a apitar com imparcialidade, principalmente nas partidas contra o Vasco.

FICHA TÉCNICA
FLUMINENSE 4 X 4 VASCO

Local: Maracanã, Rio de Janeiro(RJ)
Data - hora: 17/02 - 18h10min
Árbitro: Gutemberg de Paula Fonseca/RJ
Auxiliares: Carlos Henrique Alves de Lima/RJ e Dibert Pedrosa Moises

Borderô
Renda: R$235.350,00
Público: 12.745 pagantes

Cartões Amarelos: Ivan, Cícero, Alex Dias, Carlos Alberto, Roger e Soares (FLU); Ives, Fábio Braz e Thiago Maciel (VAS)
Cartões vermelhos: não houve

GOLS: Soares 12'/1ºT (1-0), Leandro Amaral 32'/1ºT (1-1), Cícero 42'/1ºT (2-1), Soares 3'2ºT/ (3-1), Leandro Amaral 8'/2ºT (3-2), Alex Dias 21'/2ºT (4-2), Diego 27'/2T (4-3) e Leandro Amaral 42'/ºT (4-4)

FLUMINENSE: Ricardo Berna, Carlinhos, Thiago Silva, Roger e Ivan; Fabinho, Arouca, Cícero (Romeu, 26'/2ºT) e Carlos Alberto; Alex Dias (Rafael Moura) e Soares (David) - Técnico: Vinícius Eutrópio

VASCO: Cássio, Thiago Maciel (Eduardo, 18/2ºT), Fábio Braz, Jorge Luiz e Diego; Ives, Amaral, Darío Conca e Morais (Abedi, intervalo); André Dias (Romário, 12'/2ºT) e Leandro Amaral - Técnico: Renato Gaúcho.

15 fevereiro 2007

O profeta Tostão

"O Fluminense contratou demais, como disse o técnico Paulo César Gusmão. Chegaram bons reforços e vários jogadores ruins. A responsabilidade é do treinador e do Branco, supervisor do time.

Uma equipe que tem um líder instável, nervoso, individualista e que se acha craque (não é), como Carlos Alberto, não tem futuro. Se ele tivesse mais consciência de suas virtudes e deficiências e fosse menos endeusado, seria um ótimo coadjuvante para qualquer time.

Não me convence também esse lugar-comum de que o entrosamento só aparece com o tempo. É uma boa desculpa dos treinadores para as derrotas. O tempo é relativo. Quando são contratados bons jogadores com características diferentes, e o técnico consegue colocá-los nas posições e nas funções corretas, o entrosamento ocorre no primeiro encontro, no primeiro olhar, no primeiro treino. Pelo menos, dá sinal de que algo de bom vai acontecer.

O mesmo ocorre no fascínio amoroso. Se não "pinta" nada diferente, interessante, no primeiro encontro, se a alma não saltita de emoção no primeiro olhar, não vai acontecer nada. Só existe amor à primeira vista. Isso é uma coisa. Outra é saber se essa "química", esse encanto (entrosamento) inicial, vai prosperar ou se vai desaparecer. Aí vai depender de muitos bons treinos e de muitas outras coisas."

Esse foi o comentário do Tostão em sua coluna de ontem, nos jornais brasileiros. Tostão é, atualmente, o melhor cronista esportivo do Brasil. Não torce, nem distorce os fatos. Escreve o que pensa por que não está preso a ninguém. Comenta sobre futebol e sobre a vida. Um craque das letras como foi com a bola.

Concordo em parte com ele. Realmente, Carlos Alberto não tem condições de ser líder do Fluminense. Desequilibrado e impulsivo, perde o controle dos nervos a cada jogo. Recebe muitos cartões amarelos e já deveria ter sido expulso no jogo contra o Volta Redonda, por uma entrada violenta no adversário, que o árbitro preferiu ignorar. Ontem, na vitória do Fluminense sobre a ADESG, em Rio Branco, na simpática Arena da Floresta, mais uma vez Carlos Alberto se irritou com a marcação e as faltas sofridas e saiu esbravejando. O Branco precisa explicar a ele que isso não leva a nada e só vai atrair a ira da imprensa e da arbitragem, que vai continuar a ignorar suas reclamações e fazer vista grossa às faltas que vem sofrendo.

Quanto à segunda parte do comentário do Tostão, acho que é precipitado afirmar que não dá para encaixar o time se a "química" não aconteceu no primeiro momento. Não é por aí. O Abel Braga, nosso técnico em 2005, sofreu para encontrar a formação ideal do Fluminense e também foi eliminado precocemente da Taça Guanabara, perdendo para a Cabofriense em pleno Maracanã. Durante a Taça Rio, conseguiu encaixar o time e formou o nosso melhor time nos últimos vinte anos, aquele time que ficou conhecido como o "time que se recusa a perder", definição magistral do Luiz Mendes.

Um técnico competente será capaz de encontrar a melhor formação para o Fluminense e poderemos ainda fazer boa figura no Campeonato Brasileiro. Até mesmo no segundo turno do Campeonato Carioca, mesmo sabendo que a pressão será enorme. Mas nada que um técnico competente não consiga superar.

Alex Dias

Quanto ao jogo contra o ADESG, de Senador Guiomard, a 25 quilômetros de Rio Branco, não pude assisti-lo e, pelo rádio, a impressão que tive foi que o pau comeu solto. O resultado não livra o Fluminense do jogo da volta no Maracanã, o que até é bom, caso contrário só iríamos ver o Flu jogar de novo na estréia da Taça Rio, em 11 de março.


FICHA TÉCNICA - SÚMULA
ADESG 1 X 2 FLUMINENSE

Local: Arena da Floresta, Rio Branco(AC)
Data - hora: 14/02 - 20h (23h, de Brasília)
Árbitro: Washington José Alves de Souza/AM
Auxiliares: Basilio Monteiro da Silva/AM e Djalma Silva de Souza/AM

Borderô
Público pagante: 12.088
Renda: R$ 164.402,50

Cartões Amarelos: Aguinaldo, Bigal, Igor, Da Silva, Diego, Japão, Juninho e Samuel (ADESG); Carlinhos, Carlos Alberto, Fabinho, Roger (Flu)
Cartões Vermelhos: Diego (ADESG)
Gols: Soares 25'/1ºT (0-1), Alex Dias 30'/2ºT (0-2), Diego 34'/2ºT (1-2)

ADESG: Marlon; Léo (Igor, 20'/2ºT) , Agnaldo e Adriano; Japão, Bill, Bigal (Diego, 24/2ºT), Samuel e Juninho; Zico (Da Silva, intervalo) e Fernando - Técnico: José Lopes Risada.

FLUMINENSE: Ricardo Berna, Carlinhos, Thiago Silva, Roger e Ivan; Fabinho, Arouca (Rafael Moura, 39'/2ºT), Cícero e Carlos Alberto; Alex Dias e Soares (Lenny, 17'/2ºT) - Técnico: Vinícius Eutrópio.

13 fevereiro 2007

Carta aberta ao Ouvidor da FFERJ

Prezado Dr. Octávio Augusto Brandão Gomes,

Meu nome é Renato Machado. Acompanho o futebol carioca há mais de 30 anos e sou freqüentador assíduo dos estádios. Isto dito, gostaria de fazer uma reclamação e uma sugestão. A minha reclamação diz respeito à segunda perda de mando de campo de um rival do Flamengo no mesmo campeonato. Na primeira vez, contra o Americano, revoltei-me, mas fiquei calado. Agora, pela segunda vez, contra o Madureira, lamentavelmente acontece a mesma coisa e o Flamengo decidirá a sua classificação fora do campo do seu adversário. O Flamengo será o único clube a jogar um turno inteiro sem enfrentar um adversário em seu campo de jogo. Talvez pela primeira vez na história do futebol um absurdo como este esteja acontecendo. Um absurdo digno de figurar no livro Guiness de recordes. Como, na qualidade de torcedor, posso levar este campeonato à sério?

Eu entendo que se um estádio não reúne as condições para uma partida de futebol, ele deve ser interditado e todos os clubes que lá jogariam devem ter seus jogos transferidos, não apenas o clube da maior torcida, correto? Não entendo muito de leis mais sei que existe um princípio da igualdade, que deve ser aplicado no futebol. Curioso é que o clube beneficiado por essas duas transferências seja justamente aquele que protagonizou em 1986 o chamado escândalo das papeletas amarelas, quando árbitros foram subornados para beneficiá-lo e tal esquema só foi descoberto por que a diretoria rubro-negra lançou a verba do suborno na contabilidade do clube... Muito suspeito que os dois estádios estejam sendo interditados convenientemente antes dos jogos contra esse mesmo clube, não?

A minha sugestão é que no ano que vem, para facilitar tudo, façam um campeonato mais simples, com apenas dois clubes, Flamengo e Vasco disputando uma melhor de 15 partidas. Será uma afronta menor à inteligência dos torcedores.

11 fevereiro 2007

PC Gusmão já caiu?

O Fluminense praticamente deu adeus à Taça Guanabara após a derrota de sábado à noite para o América, no Maracanã. Até aí, nenhuma novidade, pois poucos tricolores acreditavam que o técnico PC Gusmão conseguiria dar padrão de jogo a este time, que estrearia o esquema 352. Durante toda a pré-temporada, na Granja Comary, em nenhum coletivo foi treinado este esquema de jogo. E agora, na hora do desespero, o técnico passa uma semana treinando o time em meio expediente e bem... não poderia resultar em coisa diferente do que vimos em campo.

Junior Cesar

Teoricamente seria um esquema muito melhor para nós, porque colocaria em campo o Roger, que não pode ficar de fora desse time de jeito nenhum, e isso ficou provado hoje; e por que daria liberdade aos alas de apoiarem o ataque. Contratamos Júnior César pagando peso de ouro, parece que recebe um salário de R$ 70 mil, o que, convenhamos, é muito para o seu pobre futebol. Mas já que o contratamos, e ele está jogando, ou pelo menos entrando em campo, é bom que usemos o 352 para que ele possa fazer a única coisa que sabe, que é apoiar o ataque. Mas hoje nem isso fez. Se escondeu do jogo, nem atacando, nem defendendo. Só não estava mais perdido do que o nosso treinador.

Durante o primeiro tempo, o meio campo do Flu inexistiu. Carlos Alberto tentava, sozinho, fazer a bola chagar ao ataque, mas não sabia se era meio-campo ou atacante. Não chegamos a ameaçar em nenhum momento, e quando chegamos na área do América, éramos apenas um ou dois contra seis ou sete. Impossível fazer um gol assim. Cícero e Thiago Neves, perdidos em campo, pareciam nunca ter jogado no meio-campo.

Mas falar mal do Fluminense é uma injustiça contra o time do América, que entrou em campo bem postado, bem armado e soube esperar pelo resultado, aproveitando-se do nervosismo do Fluminense, que só aumentava à medida que o tempo ia passando e o time jogava cada vez pior. Nos acréscimos, Roger faz uma falta desnecessária na lateral do campo. O América cobra a falta com um chuveirinho e dá pane total na zaga tricolor, que deixa o América abrir a contagem com o fraquíssimo Bruno Lazaroni. Detalhe: Além deste molambo, o time do América conta ainda com os veteranos Júnior Baiano, Válber e Júnior Amorim.

No segundo tempo, PC mexeu no meio campo tirando as duas peças nulas, Cícero e Thiago Neves, botando Soares e André Moritz. Este último mostrou bom futebol e não pode ficar fora do time. Sabe trabalhar a bola, virar o jogo e servir os companheiros de ataque. Soares ficou impedido em quase todas as oportunidades em que pegou na bola. A arbitragem, muito ruim, de Antônio Frederico de Carvalho Schneider (que chegou a cair sozinho no primeiro tempo), foi condescendente em duas oportunidades com Júnior Baiano, evitando o segundo cartão amarelo que o tiraria de jogo. Ficando em campo, Baiano foi o melhor jogador da defesa do América, salvando tudo de cabeça, pois o Fluminense insistia no chuveirinho. No lance do segundo gol do América, por outro lado, a arbitragem acertou ao não marcar impedimento de Marco Brito.



Reclamar da arbitragem é bobagem, pois o time provavelmente perderia do mesmo jeito se a arbitragem tivesse sido justa. Estamos pagando pelos erros do passado, quando deixamos o Abel ir embora, juntamente com o Gabriel e o Leandro. Em vez de mantermos a base vencedora, a diretoria tricolor preferiu começar tudo do zero, e ainda estamos na estaca zero. Provavelmente o PC Gusmão será demitido durante a semana e outro molambo será contratado para treinar o time. Não há muitos técnicos bons no mercado. Disponíveis, que eu me lembre, nenhum. Deve vir alguém do nível de um Joel Santana, o que nada resolverá. É uma pena, pois temos 30 dias até a estréia do Flu pela Taça Rio, e poderíamos fazer nessa inter-temporada aquilo que o PC Gusmão foi incapaz de fazer na Granja Comary, com todas as condições que lhe foram dadas.

PC Gusmão provou que era aquilo que todos nós suspeitávamos: um incompetente, e um aproveitador que vai receber uma multa estratosférica com essa rescisão de contrato, recebendo nessa demissão mais do que nós torcedores receberemos em toda nossa vida de trabalho. Bem, pelo menos sua máscara já caiu e nenhum time brasileiro cairá mais nesse conto do vigário chamado PC Gusmão. Estamos ansiosamente esperando a notícia de sua demissão. E com o coração na mão esperando o nome do novo técnico.


FICHA TÉCNICA - SÚMULA
FLUMINENSE 0 X 2 AMÉRICA

Local: Maracanã, Rio de Janeiro(RJ)
Data - hora: 10/02 - 20h30min
Árbitro: Antonio Frederico de Carvalho Schneider
Auxiliares: Marcelo Fonseca Duarte e Jackson Lourenço Massara dos Santos

Borderô
Renda: R$ 139.690,00
Público pagante: 11.331

Cartões Amarelos: Carlos Alberto (FLU); Júnior Baiano e André (AME)
Cartões Vermelhos: -
Gol: Bruno Lazaroni, 46'/1ºT (0-1), e Marco Brito, 27'/2ºT (0-2)

FLUMINENSE: Ricardo Berna, Thiago Silva, Luiz Alberto e Roger; Carlinhos, Arouca, Cícero (Soares, intervalo), Thiago Neves (André Moritz, intervalo) e Júnior Cesar (Rafael Moura, 28'/2ºT); Carlos Alberto e Alex Dias. Técnico: Paulo César Gusmão.

AMÉRICA: Eduardo, Denis (Guerra, intervalo), André, Júnior Baiano e Maciel; Válber, Bruno Lazaroni, André Gomes e Leandro Chaves (Argeu, 16'/2ºT); Júnior Amorim e Marco Brito (Douglas, 30'/2ºT. Técnico: Aílton Ferraz.

03 fevereiro 2007

Flu se complica ainda mais

Carlos Alberto
O Fluminense foi a Édson Passos enfrentar o Nova Iguaçu pela terceira rodada do campeonato e conseguiu apenas um empate, resultado que praticamente o elimina da Taça Guanabara. O Fluminense voltou a apresentar um mau futebol e não conseguiu volume de jogo para vencer o apenas esforçado time da Baixada Fluminense.

O jogo começou quente. Logo aos 10 minutos, Luiz Alberto tocou com a mão na bola dentro da área e o juiz marcou pênalti, que o Nova Iguaçu converteu. O Fluminense partiu para cima e pressionou até conseguir o empate. Aos 19 minutos Carlinhos cruzou e Luiz Alberto cabeceou. O zagueiro desviou a bola com a mão e o juiz também marcou pênalti, desta vez a favor do Flu. Carlos Alberto cobrou com categoria, deslocando o goleiro Diogo.

O Fluminense seguiu pressionando, mas não jogava bem. Aos 31 minutos, Alex Dias recebeu livre na área em condições de empatar, mas o bandeirinha errou e marcou impedimento. Aos 34 minutos, Alex Dias marca de bicicleta, mas desta vez realmente em impedimento e o gol foi anulado.

O Flu ainda teve duas chances de marcar. Na primeira, Thiago Neves chuta forte de fora da área e o goleiro espalma. Aos 44 minutos, Carlinhos dá um chutão e a bola chega até Carlos Alberto, que se livra do marcador e coloca no ângulo. Caprichosamente a bola sobe um pouco e não entra.

No segundo tempo, o Fluminense voltou sonolento, acreditando que conseguiria a vitória a qualquer momento. O Nova Iguaçu, bem postado em campo, era um franco atirador que estava começando a gostar do jogo, esperando um tropeço do tricolor. O meio campo do Fluminense, que já estava emperrado no primeiro tempo, travou de vez na segunda etapa. Carlos Alberto sumiu do jogo e a bola não chegava ao ataque. Mesmo jogando muito mal, o Fluminense conseguiu ainda mandar três bolas na trave do Nova Iguaçu. A primeira com Luiz Alberto, a segunda com Júnior César, num lance em que a bola desviou no zagueiro e o goleiro Diogo conseguiu se recuperar e espalmar a bola, que caprichosamente ainda bateu na trave antes de sair. O terceiro lance foi numa cabeçada de André Moritz, que entrara no lugar de Thiago Neves.

André Moritz pareceu estar mais em forma do que no fim do ano passado, e deu boa movimentação ao meio-campo, que já estava conformado com o empate. Adriano Magrão entrou no lugar de Alex Dias e Lenny substituiu Soares. Os dois não conseguiram melhorar o time em nada. Mais uma vez o técnico PC Gusmão decepcionou com substituições equivocadas, trocando os atacantes quando o problema do Fluminense era no meio-campo. A bola não chegava ao ataque. Além disso, Adriano Magrão nunca pode ser opção para nenhum time de primeira divisão. Tirar Alex Dias para colocar em campo Adriano Magrão é um pecado mortal que merece ser punido com a demissão sumária do Fluminense, o que esperamos que aconteça ainda hoje à noite.

A torcida tricolor sabe que PC Gusmão é um enganador que não conseguirá manter-se no cargo por muito tempo. A grande questão é quem será contratado para o seu lugar.

FICHA TÉCNICA - SÚMULA
Local: Édson Passos, Rio de Janeiro (RJ)
Data-Hora: 3/2/2007 - 20h30min (de Brasília)
Árbitro: Djalma José Beltrami Teixeira (RJ)
Assistentes: Paulo Sergio Durães Fernandes e Ronaldo Antonio Verdiano(RJ)

Borderô:
Público e renda: 3.939 pagantes - R$ 61.300,00

Cartões amarelos: Juan, Schneider (NOV), Carlinhos, Carlos Alberto(FLU)
Gols: Éberson, de pênalti (NOV) 11'/1ºT; Carlos Alberto, de pênalti (FLU) 18'/1ºT

NOVA IGUAÇU: Diogo, Schneider, Vágner Eugênio, Juan e Felipinho; Léo, Mário César, Márcio Careca (Alex Faria/intervalo) e Éberson; Marinélson (André Mello - 33'/2ºT) e Deni (Evandro - 23'/2ºT) - Técnico: Mário Coelho

FLUMINENSE: Ricardo Berna, Carlinhos, Thiago Silva, Luiz Alberto e Junior Cesar; Arouca, Cícero, Thiago Neves (André Moritz - 26'/2ºT) e Carlos Alberto; Alex Dias (Adriano Magrão - 15'/2ºT) e Soares (Lenny - 33'/2ºT) -Técnico: Paulo César Gusmão

01 fevereiro 2007

Vendaval no estádio

Um acidente bizarro aconteceu no último dia 17 de janeiro em Johanesburgo, na África do Sul. Jogavam dois times da primeira divisão, Orlando Pirates e Black Leopards, quando um pé de vento repentino atingiu o estádio, levantando as placas de publicidade e arrastando-as para dentro de campo. O bandeirinha e três jogadores foram atingidos. Um deles teve que ser retirado de maca. Veja as imagens impressionantes no video abaixo.

Botafogo ganha no grito

E eu que pensava que isso só acontecia na minha pelada de fim de semana, fiquei boquiaberto com o que aconteceu ontem em Cabo Frio. O Cabofriense perdia o jogo por 1 a 0 quando o goleiro Max, do Botafogo, sai da pequena área e tromba com o atacante adversário, não consegue defender a bola e cai no chão. A bola sobra para outro jogador que chuta para o gol vazio. O bandeirinha Hilton Moutinho corre para o centro do campo, validando o gol. Imediatamente é cercado pelos jogadores do Botafogo, é ofendido e ameaçado. As ameaças surtiram efeito, pois ele, numa atitude inédita, decide voltar atrás e chama o árbitro Fabio Calabria para comunicar-lhe alguma coisa. O árbitro, fraquíssimo, decide anular o gol e marcar falta no goleiro.

Pois é, em pleno século XXI testemunhamos um clube ganhando um jogo no grito. Pobre futebol carioca. Continua o mesmo.